Matilde Jorge: “Foi um torneio express”
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: FPT. Bicampeãs no Jamor, as irmâs Jorge fazem uma dupla terrível no circuito internacional. |
Ninguém diria que seria possível.
Menos de dois dias após entrarem em campo no Oeiras Ladies Open, Francisca
Jorge e Matilde Jorge voltaram a vencer. Com o céu a desabar sobre o
Jamor e o calendário apertado como nunca, as irmãs transformaram o caos num
novo capítulo dourado da sua história.
“Foi muito duro. A chuva afetou-nos na primeira ronda, mas depois disso conseguimos mostrar o nosso melhor ténis”, contou Francisca Jorge, agora firmemente entre as 100 melhores do mundo em pares.
A primeira batalha aconteceu numa
sexta-feira cinzenta, por volta das seis da tarde, com três match points salvos
e o coração a bater mais alto do que nunca. Daí em diante, com serenidade,
força e sintonia, venceram cada jogo com autoridade.
Matilde Jorge resumiu a epopeia com
uma expressão que ficará na memória: “Foi um torneio express”.
Três dias. Três vitórias. Um troféu. E muitos sorrisos.
Das surpresas às favoritas — uma nova
pele, a mesma garra
Se em 2024 foram as outsiders que
roubaram os holofotes, em 2025 entraram como candidatas naturais ao título. O
peso do favoritismo estava lá, mas não pesou mais do que a ambição. Frente à
checa Detiuc e à romena Tig, as irmãs impuseram a sua lei.
“O ano passado, se perdêssemos, era
aceitável. Este ano… teria doído mais”, confessou Francisca, com a maturidade de quem já sabe
o que custa manter o topo.
Sonhos que caminham aos pares
“O mais especial é fazermos este caminho juntas. Ainda chegará a nossa oportunidade de brilharmos num Grand Slam”, pronunciaram-se a uma só voz. Entre elas, há uma cumplicidade que transborda os courts. E o próximo passo tem nome: brilhar num dos quatro grandes palcos do ténis mundial.
Matilde Jorge atingiu o 103.º posto do
‘ranking’ WTA em pares — o melhor da carreira. Francisca mantém-se
entre as 100 melhores. O ‘ranking’ é importante, mas mais importante ainda é a
certeza de que Portugal tem duas raquetas capazes de mais.
Coincidência ou destino? Tal como em
2024, o título chegou a 20 de abril — na véspera do aniversário de Francisca
Jorge.
“É a prenda perfeita”, disse, entre sorrisos. Um presente
embrulhado em suor, chuva e emoção.
Pode ter faltado o Court Central, as
bancadas cheias e o sol de primavera. Mas não faltou o essencial: vontade,
talento e paixão. Haja troféus, haja esperança — e, por via das dúvidas, que se
marque já o dia 20 de abril de 2026 no calendário do ténis português.
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