Matilde Jorge: “Foi um torneio express”

                                                        Por António Vieira Pacheco

Campeãs em menos de 48 horas.
Créditos: FPT. Bicampeãs no Jamor, as irmâs Jorge fazem uma dupla terrível no circuito internacional.

Ninguém diria que seria possível. Menos de dois dias após entrarem em campo no Oeiras Ladies Open, Francisca Jorge e Matilde Jorge voltaram a vencer. Com o céu a desabar sobre o Jamor e o calendário apertado como nunca, as irmãs transformaram o caos num novo capítulo dourado da sua história.

“Foi muito duro. A chuva afetou-nos na primeira ronda, mas depois disso conseguimos mostrar o nosso melhor ténis”, contou Francisca Jorge, agora firmemente entre as 100 melhores do mundo em pares. 

A primeira batalha aconteceu numa sexta-feira cinzenta, por volta das seis da tarde, com três match points salvos e o coração a bater mais alto do que nunca. Daí em diante, com serenidade, força e sintonia, venceram cada jogo com autoridade.

Matilde Jorge resumiu a epopeia com uma expressão que ficará na memória: “Foi um torneio express”. Três dias. Três vitórias. Um troféu. E muitos sorrisos.

Das surpresas às favoritas — uma nova pele, a mesma garra

Se em 2024 foram as outsiders que roubaram os holofotes, em 2025 entraram como candidatas naturais ao título. O peso do favoritismo estava lá, mas não pesou mais do que a ambição. Frente à checa Detiuc e à romena Tig, as irmãs impuseram a sua lei.

“O ano passado, se perdêssemos, era aceitável. Este ano… teria doído mais”, confessou Francisca, com a maturidade de quem já sabe o que custa manter o topo.

Sonhos que caminham aos pares

“O mais especial é fazermos este caminho juntas. Ainda chegará a nossa oportunidade de brilharmos num Grand Slam, pronunciaram-se a uma só voz. Entre elas, há uma cumplicidade que transborda os courts. E o próximo passo tem nome: brilhar num dos quatro grandes palcos do ténis mundial. 

Matilde Jorge atingiu o 103.º posto do ‘ranking’ WTA em pares — o melhor da carreira. Francisca mantém-se entre as 100 melhores. O ‘ranking’ é importante, mas mais importante ainda é a certeza de que Portugal tem duas raquetas capazes de mais.

Coincidência ou destino? Tal como em 2024, o título chegou a 20 de abril — na véspera do aniversário de Francisca Jorge.

“É a prenda perfeita”, disse, entre sorrisos. Um presente embrulhado em suor, chuva e emoção.

Pode ter faltado o Court Central, as bancadas cheias e o sol de primavera. Mas não faltou o essencial: vontade, talento e paixão. Haja troféus, haja esperança — e, por via das dúvidas, que se marque já o dia 20 de abril de 2026 no calendário do ténis português.


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