A maturidade de Jaime Faria

Por António Vieira Pacheco 
O lisboeta é o segundo melhor português no 'ranking''
Créditos: Fotojump. Jaime Faria é o novo residente do Top 100.

Após o brilhante desempenho no Rio de Janeiro, onde se estreou em torneios ATP 500 e aproveitou a segunda oportunidade como lucky loser para alcançar os seus primeiros quartos de final no circuito principal, Jaime Faria garantiu um lugar na elite do circuito mundial masculino. Graças a uma subida de 20 posições, estabeleceu-se no 87.º lugar, tornando-se o sétimo português com o melhor 'ranking' de sempre e superou o treinador Pedro Sousa (99.º), que o acompanhou no Brasil.

Com 21 anos, seis meses e 18 dias, Faria torna-se o segundo português mais jovem de sempre a alcançar o top 100 da ATP, somente superado por Nuno Marques (20 anos, 11 meses e 23 dias).

A vitória do lisboeta, na semana passada, na segunda ronda diante do espanhol Jaume Munar, representou um marco importante na sua carreira. Este feito não se resume somente aos pontos conquistados, nem ao facto de ter alcançado o seu melhor triunfo no circuito profissional. Não se limita, igualmente, à sua primeira presença nos quartos de final de um torneio desta categoria, mas também à valorização financeira que trouxe consigo.

No mundo do ténis, é comum que os jogadores mantenham uma postura reservada relativamente aos aspetos financeiros, focando-se no seu desempenho e nas competições. No entanto, Faria, com a sua personalidade única, não hesitou em abordar esse tema, desafiando a norma do silêncio que envolve muitas figuras do desporto. Para falar sobre os ganhos financeiros, foi uma forma de destacar a complexidade que envolve a carreira de um tenista profissional, onde os rendimentos não dependem de salários fixos, mas de prémios monetários de torneios, patrocinadores e contratos.

O atleta do Centro de Alto Rendimento do Jamor foi direto ao reconhecer a importância da partida no lado financeiro: “Era um encontro que valia muito. Muitos pontos, muito dinheiro”, afirmou ao sítio ‘web’ especializado de ténis ‘Bola Amarela’.

Vale ainda destacar que, em Melbourne, no mês passado, na sua primeira participação, onde atingiu a segunda ronda do Open da Austrália, o tenista lisboeta arrecadou 122 mil euros, enquanto no Rio de Janeiro conquistou 62.658 euros.

Além do valor financeiro, Faria reconheceu também a importância do encontro para solidificar a sua posição no circuito ATP, sendo uma excelente oportunidade para dar um salto n carreira. O português mostrou grande maturidade, mantendo-se concentrado e calmo durante toda a partida, o que evidenciou um crescimento significativo, tanto ao nível técnico como emocional.

A sua entrada no Top 100 do ‘ranking’ mundial é uma proeza notável, especialmente se compararmos com a sua posição fora do Top 400 há somente um ano. Contudo, Faria deixou claro que a sua principal motivação não está unicamente em subir no ‘ranking’, mas sim em continuar a evoluir como jogador. Esta postura pragmática, que privilegia a melhoria contínua do seu jogo em vez de metas numéricas, é um sinal claro da sua abordagem inteligente e saudável à carreira profissional.

O seu foco, agora, é continuar a aprimorar o seu jogo, tanto em superfícies rápidas como em terra batida, sempre com uma visão de longo prazo. A sua filosofia — evoluir constantemente e não focar exclusivamente nos resultados imediatos — é, sem dúvida, a chave para o seu sucesso futuro. Se continuar a melhorar, o ‘ranking’ e as vitórias serão, naturalmente, a consequência desse esforço.

Em suma, Faria demonstra ter o foco e a mentalidade certos para alcançar o sucesso duradouro no ténis mundial, e a sua jornada está ainda no princípio.


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