Nuno Borges: orgulho em vencer e chegar à terceira ronda nos quatro Grand Slams

                                                        Por António Vieira Pacheco
Lidador festeja presença na terceira ronda em Wimbledon.
Créditos: ATP Tour. Lidador ergue os braços com os dois punhos fechados para festejar vitória.

Um orgulho que transcende o court

Nuno Borges viveu esta quarta-feira mais do que uma vitória. Em Wimbledon, o melhor tenista português da atualidade escreveu uma página nova no ténis nacional ao tornar-se no primeiro luso a alcançar, pelo menos, a terceira ronda em todos os quatro torneios do Grand Slam — Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open.

“É um feito incrível”, confessou o maiato de 28 anos, após derrotar o britânico Billy Harris por 6-3, 6-4 e 7-6 (7). Apesar da tendência habitual para a discrição, o lutador Lidador abriu espaço para o orgulho pessoal num momento histórico:

“É sem dúvida especial poder dizer que o fiz em todo o lado.”

A bandeira, o processo e o equilíbrio

Mais do que os números, o Lidador mostrou-se fiel ao seu percurso: focado, realista e constante. Embora reconheça o valor simbólico de “levar a bandeira de Portugal mais longe”, sublinhou que o foco maior é interno. “Pensar demasiado é uma pressão desnecessária. Prefiro concentrar-me no meu processo”, explicou, num equilíbrio emocional que tem sido uma das marcas da sua ascensão.

Consistência acima do brilho pontual

Ao contrário de outros nomes que surgem como cometas no circuito, Borges construiu a sua carreira com base na regularidade. E isso nota-se no discurso:

“Nunca fui o jogador que aparece do nada, ganha um torneio e depois desaparece. Sempre fui mais de construir com consistência — quartos de final, meias-finais… resultados ao longo do ano.”

Essa solidez tem-lhe permitido crescer com segurança, sem pressas, e agora saborear os frutos com legitimidade.

Um jogo de mérito e contenção

Sobre a vitória frente ao britânico Billy Harris, Borges admitiu que não foi um jogo “incrível”, mas sim “sólido e com poucos erros”. E isso, no ténis de alto nível, muitas vezes basta. Aproveitou os momentos de menor fulgor do adversário e foi eficaz nos momentos decisivos — especialmente no tiebreak final, onde salvou dois ‘set’ points e fechou com frieza.

“Foi um alívio gigante”, resumiu.

Sentir que é possível... em qualquer lado

Há algo de reconfortante na maneira como Borges olha para os números — não com vaidade, mas como afirmação de que pode competir em qualquer cenário:

“Estas estatísticas mostram que tenho hipóteses seja qual for o torneio, seja em altitude, ao nível do mar... Ganhar em todo o lado é algo que me dá muito orgulho.”

Com esta segunda vitória consecutiva em Wimbledon — onde até então nunca tinha vencido —, Borges prossegue agora para a terceira ronda, onde encontrará o russo Karen Khachanov, atual número 20 do mundo.

 


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