Portugueses com destino traçado em Wimbledon, catedral da relva

                                                                                                                    Por António Vieira Pacheco
Após a passagem pelo quadro de qualificação, Jaime Faria terá tarefa complicada na estreia na melhor grelha.
Créditos: Mariusz Mecik. Faria com tarefa hercúlea frente a Sonego na estreia do quadro principal.

Borges e Faria conhecem adversários e rumam a Londres com ambição renovada

Já se conhecem os primeiros capítulos do enredo português na edição de 2025 do torneio de Wimbledon. Nuno Borges e Jaime Faria ficaram colocados em metades opostas do quadro principal, garantindo que, se o destino os quiser frente a frente, só será em fases avançadas. O prestigiado torneio de relva arranca esta segunda-feira, e os dois representantes lusos chegam a Londres com histórias diferentes, mas ambições comuns.

Borges reencontra o passado… e um desafio de topo

Será a quarta presença consecutiva de Nuno Borges no quadro principal do Grand Slam britânico — um feito por si só digno de destaque, e prova da consistência que tem afirmado no circuito. Com entrada direta pelo ‘ranking’, o maiato, atualmente no 37.º lugar da hierarquia mundial, terá pela frente um reencontro de sabor agridoce: o argentino Francisco Cerúndolo, número 18 ATP e 16.º cabeça de série, será o adversário da primeira ronda.

O embate reedita a estreia de 2023, uma partida que ficou marcada por um infortúnio que é quase sinónimo da relva londrina: uma escorregadela inoportuna que ditou o rumo de Borges e que manchou uma exibição até então promissora. A memória permanece, mas o ténis — como a relva de Wimbledon — renova-se a cada ano. E com um ‘ranking’ mais favorável, Borges terá agora a oportunidade de reescrever esse desfecho.

Jaime Faria: estreia com sabor a conquista

Do outro lado do quadro, surge o nome de Jaime Faria — e, com ele, um novo capítulo na história do ténis português. O jovem lisboeta tornou-se somente o terceiro português a ultrapassar a exigente fase de qualificação de Wimbledon, juntando-se assim a um restrito lote de lusos com entrada por mérito direto ao mítico All England Club.

Com apenas 21 anos e já no 117.º lugar do ‘ranking’ ATP, Faria estreia-se no quadro principal frente ao italiano Lorenzo Sonego, atual 48.º mundial e ex-número 21 em 2021. Um adversário experiente, habituado ao ambiente dos grandes palcos, que exigirá ao português o melhor da sua criatividade, resistência e sangue-frio.

Mas para quem venceu três rondas no qualifying, ultrapassando adversários e nervos em igual medida, o palco principal de Wimbledon não será um fardo — será um prémio. Um ponto de partida para um sonho que, até recentemente, parecia distante.

Wimbledon: onde a tradição testa o talento

Para além das estatísticas e sorteios, Wimbledon continua a ser o cenário onde os grandes nomes se afirmam e os desconhecidos ganham respeito. É um torneio onde o rigor do protocolo convive com a imprevisibilidade da relva; onde a história se sente em cada bancada e a glória se constrói num punhado de pancadas bem medidas.

Portugal entra, assim, com dois nomes e duas histórias distintas, mas com o mesmo desejo: deixar marca num dos palcos mais exigentes e prestigiados do desporto mundial.

Expectativas altas, pés na relva

O sorteio está feito, os adversários definidos e a contagem decrescente aproxima-se do fim. Nuno Borges e Jaime Faria carregam nas raquetes o orgulho de um país, mas também a leveza de quem sabe que cada jogo é uma folha em branco — e que até na relva mais escorregadia, há espaço para escrever grandes histórias.

 

 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

João Paulo Brito: as vitórias sem árbitros oficiais no ténis de mesa

Gilberto Garrido é um farol da Madeira

José Santos, o árbitro mais antigo do ténis de mesa