Nuno Borges enfrenta o silêncio da relva em ‘s-Hertogenbosch
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: ATP Tour. Lidador escorrega nos quartos de final nos Países Baixos. |
Adeus Países Baixos, olá Londres
Foi na frescura verde da relva holandesa que Nuno Borges, número um de Portugal e 38.º do mundo, fez a sua primeira aparição da temporada neste piso tão raro quanto exigente.Mas o regresso foi duro, como o são quase sempre os primeiros passos num solo onde a bola dança de forma diferente e o tempo parece escorregar.
Nos quartos de final do ATP 250 de
‘s-Hertogenbosch, o maiato de 28 anos foi travado por um adversário
de classe e de esquerda perigosa: Ugo Humbert, francês e número 20 do
mundo, venceu com parciais de 6-1 e 6-4.
Um início sem som nem fúria
No primeiro ‘set’, Borges entrou como
quem ainda procura o chão. Sem cometer grandes erros diretos, via as bolas
passarem como sombras de um jogo que não era o seu.
Humbert, com um serviço afiado como uma navalha, impôs o ritmo e não cedeu um
milímetro. Foram somente três pontos ganhos por Borges na resposta e
a estatística dos winners era cruel: 13 para o francês, somente dois para o
português.
A relva, que tanto exige instinto e
antecipação, calou o jogo do português. O 6-1 chegou depressa, sem tempo para
reações ou milagres.
O despertar que chegou tarde
No segundo parcial, o português
começou a respirar melhor. Vieram os ases, os pontos rápidos, a
tranquilidade nos movimentos. Borges equilibrou o duelo, emparelhou os números
nos winners e manteve-se vivo.
Mas bastou um jogo, o sétimo, para que tudo se desmoronasse.
Após ter ameaçado o serviço de Humbert, foi no seu próprio que escorregou
— quatro pontos perdidos secamente, sem conseguir sequer arrastar o
adversário para a luta. A quebra foi fatal.
Um adeus digno e um horizonte verde
O Lidador despede-se dos Países
Baixos com 25 pontos ATP no bolso e a certeza de que o caminho na
relva está ainda em construção.
Com 1400 pontos totais, manterá o 38.º lugar no ‘ranking’ — empatado com o
australiano Jordan Thompson, numa dança de posições onde cada detalhe conta.
Mas o capítulo seguinte já
espreita: o ATP 500 de Queen’s, em Londres, onde o nível sobe e a tradição
pesa. Uma nova oportunidade de escrever mais uma página na já notável caminhada
do melhor tenista português da era moderna.
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