Francisco Cabral cai em Maiorca: o verde da relva não floresceu

                                                                                Por António Vieira Pacheco

Foi de passagem éfemera do portuense em Maiorca.
Créditos: ATP Tour. A dupla luso-austríaca não conseguiu encontrar o antídoto da vitória.

Adeus precoce, na relva insular espanhola

Francisco Cabral, recém-chegado ao top 40 do ‘ranking’ mundial de pares, tropeçou na estreia do ATP 250 de Maiorca. Depois de duas semifinais promissoras na Alemanha, o português viu-se travado logo à primeira ronda em solo espanhol, perdendo para os argentinos Máximo González e Andrés Molteni, terceiros cabeças de série, com os parciais de 7-6 (5) e 6-4.

O embate foi jogado nos tons suaves da relva mediterrânica, mas para a dupla Cabral/Miedler o tapete verde foi mais tropeço do que impulso. A esperança, que vinha embalada por boas prestações em Estugarda e Halle, acabou por se desvanecer sob o sol quente de Maiorca, onde a bola saltava pouco e as margens de erro eram mínimas.

Um duelo sem rachas de vento favoráveis

Cabral e Miedler enfrentaram dois veteranos da arte do duplo — González e Molteni são, aliás, mestres na dança sincronizada do jogo em equipa. E foi talvez essa fluidez de movimentos, essa química feita de olhar e passos silenciosos, que lhes deu a vantagem.
O primeiro ‘set’ foi um bailado de equilíbrio, decidido somente num tiebreak tenso, onde um par de bolas mal calculadas selou o destino do parcial.

No segundo, os detalhes voltaram a pesar. Um único break — como uma fissura numa parede que parecia sólida — bastou para afastar Cabral e o seu parceiro austríaco.

As meias-finais alemãs como prenúncio

A viagem de Cabral pela temporada de relva até aqui teve notas positivas. As meias-finais em Estugarda (ATP 250) e depois em Halle (ATP 500) — ambas com Miedler — marcaram o ponto alto da parceria, ainda jovem, mas já promissora.

Esses resultados confirmaram o português como presença firme no circuito e mostraram que o seu ténis de rede, agressivo, mas inteligente, adapta-se bem às exigências do piso mais fugaz do ténis.

A relva como metáfora: bela, mas traiçoeira

A relva no ténis é como um poema: exige precisão, sensibilidade e uma leitura profunda do que não se vê à superfície. É terreno para os que sabem esperar, mas também para os que sabem atacar sem hesitar. Cabral, que afina o seu jogo para esses dias mais escorregadios, encontrou em Maiorca um capítulo menos feliz.

Mas como bem se sabe, neste desporto de mil recomeços, uma derrota é apenas mais uma linha no parágrafo de uma carreira longa. E Wimbledon, o palco maior da relva, espreita já no horizonte — com a promessa de nova história.

Próxima paragem: Wimbledon

Maiorca foi o terceiro torneio da curta temporada de relva para a dupla Cabral/Miedler. A adaptação tem sido gradual, e o objetivo maior surge já na próxima semana: Wimbledon, o templo sagrado do ténis mundial.

Lá, em Londres, onde os nervos se cruzam com a história, a esperança portuguesa poderá reencontrar o seu melhor. Porque no ténis, como na vida, o que hoje parece fim é muitas vezes só um intervalo.

 

 

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