Henrique Rocha despede-se de Paris com uma campanha histórica
Por António Vieira Pacheco
![]() |
Créditos: ATP Tour. O sonho de Henrique Rocha chega ao fim em Roland Garros. Excelente! |
Uma estreia inesquecível em torneios do Grand Slam
Henrique Rocha encerrou uma campanha memorável em
Roland Garros com uma eliminação na terceira ronda, mas com motivos de sobra
para celebrar. Aos 21 anos, o jovem português superou o qualifying e estreou-se
no quadro principal de um torneio do Grand Slam — um feito já de grande relevo.
Pelo caminho, tornou-se o primeiro tenista nacional a vencer cinco encontros
consecutivos a este nível, igualando Nuno Borges como o melhor português
de sempre em Paris no setor masculino.
Diante de Bublik, o peso do cansaço e da experiência
Este sábado, no seu sexto jogo na
capital francesa. Rocha encontrou pela frente o talentoso e imprevisível
Alexander Bublik (62.º ATP, ex-n.º 17). A frescura do cazaque contrastou com o
evidente desgaste do português, que acabou derrotado por 7-5, 6-1 e 6-2, em uma
hora e 41 minutos.
O primeiro ‘set’ foi equilibrado, com
Rocha a ameaçar a quebra. No entanto, um erro forçado numa esquerda após
ressalto traiçoeiro na linha deu a vantagem a Bublik no momento decisivo. A
partir daí, o encontro desenrolou-se sob o comando do ex-top 20, que jogou com
variedade, pontuando com amortie e aproveitando a quebra física e técnica do
adversário, nomeadamente a ausência da direita que tanto o auxiliara nas rondas
anteriores.
Fim de linha nos singulares, mas com orgulho
Um dia depois da eliminação de Nuno
Borges, também Rocha despediu-se na terceira ronda — patamar nunca
alcançado por um português em Roland Garros. Com a saída dos dois, o quadro de
singulares ficou sem representantes nacionais. Nos pares, contudo, a esperança
mantém-se: o Lidador, ao lado de Arthur Rinderknech, garantiu um lugar inédito
nos oitavos de final.
O início de uma nova era?
Apesar da derrota, a centelha acesa
por Rocha em Paris continua a brilhar. Foi uma edição de revelação, onde um
jovem de sorriso discreto e pancada confiante enfrentou os grandes da terra
batida e deixou marca na memória da Philippe Chatrier.
Saiu com dignidade, olhos voltados
para o futuro e a terra ainda agarrada às meias — lembrança tangível de uma
jornada que ninguém lhe poderá tirar. Num circuito em que o tempo é implacável
e cada vitória exige entrega total, Rocha descobriu a poesia do esforço, a
beleza da superação e a promessa de novas conquistas.
A aventura em Paris terminou,
mas para o ténis português — e para Henrique Rocha — talvez tenha sido
apenas o prólogo de uma nova história.
Comentários
Enviar um comentário
Críticas construtivas e envio de notícias.