Matilde Jorge reacende a chama
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Créditos: Saulius Cirba. A vimaranense empata a contenda com a Áustria. |
Num palco frio e discreto, longe das
margens do Tejo e dos gritos familiares das bancadas lusas, Matilde Jorge impôs
o seu jogo com a determinação de quem carrega mais do que raquetas — carrega o
peso do emblema no peito e o eco de uma irmã ausente. Em Vilnius, cidade de
silêncios e história, a jovem portuguesa venceu Arabella Koller com números
claros, quase cruéis: por um duplo 6-1. Um marcador seco, mas cheio de intenção.
É o último duelo da série D do Grupo
1 da Zona Europa/África da Billie Jean King Cup. Portugal contra a Áustria. E
no coração desta partida, estava a incerteza, como uma sombra dançante à beira
da linha de fundo. A ausência da irmã Francisca — a número um nacional — por
lesão, deixava um vazio. Mas foi também nesse vazio que Matilde encontrou
espaço para crescer.
A sua vitória foi um ato de
equilíbrio, uma forma de restabelecer a igualdade depois de Angelina Voloshchuk
ter cedido no primeiro embate — a sua estreia nos singulares, talvez marcada
mais pelo nervosismo do momento do que pela falta de talento.
E assim, como uma narrativa bem
construída, tudo se encaminha para o capítulo final: o par decisivo. A
matemática, essa arte fria de depender dos outros, poderá ser evitada com uma
vitória firme. Mas mesmo na derrota, há cálculos que nos sorriem — basta que a
Croácia vença a Letónia, e o confronto direto fará o resto.
Portugal, assim, balança entre a
claridade da vitória e a penumbra das possibilidades. Em Vilnius, na Lituânia, não se jogam
somente pontos — jogam-se sonhos, destinos e o orgulho de uma nação pequena em
tamanho, mas vasta na alma.
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