Matilde Jorge reacende a chama

                                                                     Por António Vieira Pacheco
Matilde Jorge empata encontro.
Créditos: Saulius Cirba. A vimaranense empata a contenda com a Áustria.

Num palco frio e discreto, longe das margens do Tejo e dos gritos familiares das bancadas lusas, Matilde Jorge impôs o seu jogo com a determinação de quem carrega mais do que raquetas — carrega o peso do emblema no peito e o eco de uma irmã ausente. Em Vilnius, cidade de silêncios e história, a jovem portuguesa venceu Arabella Koller com números claros, quase cruéis: por um duplo 6-1. Um marcador seco, mas cheio de intenção.

É o último duelo da série D do Grupo 1 da Zona Europa/África da Billie Jean King Cup. Portugal contra a Áustria. E no coração desta partida, estava a incerteza, como uma sombra dançante à beira da linha de fundo. A ausência da irmã Francisca — a número um nacional — por lesão, deixava um vazio. Mas foi também nesse vazio que Matilde encontrou espaço para crescer.

A sua vitória foi um ato de equilíbrio, uma forma de restabelecer a igualdade depois de Angelina Voloshchuk ter cedido no primeiro embate — a sua estreia nos singulares, talvez marcada mais pelo nervosismo do momento do que pela falta de talento.

E assim, como uma narrativa bem construída, tudo se encaminha para o capítulo final: o par decisivo. A matemática, essa arte fria de depender dos outros, poderá ser evitada com uma vitória firme. Mas mesmo na derrota, há cálculos que nos sorriem — basta que a Croácia vença a Letónia, e o confronto direto fará o resto.

Portugal, assim, balança entre a claridade da vitória e a penumbra das possibilidades. Em Vilnius, na Lituânia, não se jogam somente pontos — jogam-se sonhos, destinos e o orgulho de uma nação pequena em tamanho, mas vasta na alma.

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