Entre linhas e ventos: Elias reflete
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: Português analisa derrota na estreia de Oeiras. |
Nem sempre a história de um encontro se
escreve somente com o resultado. Às vezes, é nos bastidores das emoções, nas
palavras ditas depois do último ponto, que se encontram os verdadeiros
contornos da jornada. Foi o caso de Gastão Elias, que, após cair na primeira
ronda do Challenger 125 de Oeiras frente ao argentino Francisco Comesana — um
top-100 em clara subida —, partilhou o que lhe vai na alma.
Num encontro que podia ter tido outro
desfecho, o português deixou claro: o jogo fugiu-lhe por detalhes. Mas a
confiança no seu ténis está intacta.
Um jogo que se perdeu no vento: “Foi
muito repentino”
A derrota por si só não conta toda a
verdade. O próprio Elias fez questão de o dizer.
“A parte final foi enganadora, acabou
tranquilo para o lado dele, mas foi uma coisa muito repentina.”
Durante grande parte do encontro,
sentiu-se dominante, confiante, com o controlo dos pontos. A história parecia
estar a ser escrita a seu favor, até que pequenos erros — talvez soprados pelo
vento que se fazia sentir em Oeiras — trocaram-lhe as voltas.
“Fico frustrado por este desfecho.
Apareceram alguns erros não forçados que saíram por pouco, e de repente perdi o
jogo.”
Ainda assim, sai com a cabeça
erguida. Sentiu-se bem, físico e mentalmente.
“Acabar o jogo com a sensação que
podia ter ganho a um jogador top-100 é muito positivo.”
Confiança que não vacila: “Sei que
posso dar o salto”
Num desporto onde os detalhes definem
destinos, Elias sabe que está perto de virar a maré.
“Por um ou outro ponto, por uma ou
outra coisinha, eu podia ter o dobro dos pontos este ano.”
Não é falta de vontade nem de
qualidade. É somente o ténis a ser ténis: imprevisível, exigente, cruel e
mágico.
“O ténis que tenho jogado e que tenho
apresentado de certa forma motiva-me, e dá-me prazer a jogar — sendo o mais
importante.”
E é esse gosto que o mantém em
movimento, que o leva a acreditar que um bom resultado pode surgir
“repentinamente”.
Parceria em perspetiva: Dupla
portuguesa com Tiago Pereira
O entusiasmo renova-se quando se fala
em pares. O tenista da Lourinhã regressa à vertente com uma energia nova — e um parceiro
promissor. Tiago Pereira, jovem talento de 20 anos e segundo melhor português
no ‘ranking’ de pares, será o seu companheiro nesta jornada.
“Para mim, jogar singulares e pares no
mesmo torneio é uma felicidade.”
Após anos a gerir o físico com
cautela, Elias sente-se finalmente pronto para dar tudo nas duas frentes.
“Neste momento sinto-me bem
fisicamente, sem dores, e, portanto, acho que consigo voltar a jogar as duas
variantes de forma bem jogada.”
A expectativa é simples, mas ambiciosa: entrar para ganhar, desfrutar do jogo e, quem sabe, escrever novas páginas de sucesso ao lado de Tiago.
Nem sempre se trata apenas de vencer.
Às vezes, é sobre sentir que se está a jogar bem. Que o corpo responde. Que a
mente acredita e que ainda há histórias por contar.
Elias sai de Oeiras com uma
derrota no papel, mas com sinais positivos no coração — e com vontade de
continuar a lutar, ponto a ponto, jogo a jogo.
E o leitor, também acredita
que o ténis é feito de mais do que resultados?
Partilha nos comentários a sua opinião ou a sua memória preferida de Gastão
Elias.
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