Borges faz história em Monte Carlo
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: ATP. O que diziam as odds? O Lidador conseguiu a melhor vitória da carreira no Mónaco. |
Nuno Borges, com a alma de quem não
conhece limites e os olhos fixos no horizonte, viveu nesta terça-feira o ponto
culminante da sua carreira até hoje. O número 43 do mundo fez história, ao
alcançar pela primeira vez a segunda ronda do ATP Masters 1000 de Monte Carlo,
um feito que já há muito sonhava, mas que agora celebra com um sorriso de quem,
enfim, cumpriu o destino. A vitória sobre o dinamarquês Holger Rune (13.º mundial), um dos
nomes mais impactantes da atualidade, fez-se de uma forma curiosa, quase
surreal: o dinamarquês, já a braços com um problema de saúde viu-se obrigado a
desistir quando o Lidador liderava por 6-2 e 3-0, deixando o português a festejar
bem mais cedo do que o habitual.
Se a partida começou equilibrada, com
as trocas de serviços a serem disputadas como uma dança cautelosa, foi no
momento decisivo, no terceiro jogo do serviço adversário, que o maiato revelou
o plano perfeito. Um break, seguido de outro, e o destino começou a ser
traçado, a vitória se aproximava como um amigo fiel. E, assim, o destino tratou
de entregar a Borges, de forma quase simbólica, uma das suas maiores glórias.
Rune, incapaz de resistir mais, retirou-se do campo e o maiato viu-se, de repente, diante de uma vitória inusitada, a mais marcante da sua
carreira.
É impossível não sentir a carga
simbólica deste momento. A vitória, ainda que conquistada no inesperado
abandono de um adversário, marca o início de uma nova etapa na vida de Borges.
Com o sonho de ser o melhor, sempre presente, ele sabe que cada passo dado é
uma vitória, mesmo quando o caminho é traçado por um encontro interrompido. Uma
vitória que eclipsa até os triunfos anteriores, como o feito sobre Grigor
Dimitrov no Australian Open de 2024, e até os sucessos frente a nomes como Ugo
Humbert, Alexander Bublik ou Arthur Fils. Esta terça-feira, O Lidador não
somente venceu; ele quebrou uma barreira, tocou o céu da sua carreira.
Agora, com os olhos postos na segunda
ronda, o foco é claro. O espanhol Pedro Martínez será o próximo a entrar
no seu caminho, um adversário contra quem Borges mantém uma invencibilidade de
2-0 no confronto direto. Mas, na verdade, a verdadeira vitória de Borges
não está somente em Monte Carlo, ou em qualquer outro torneio. Está na
capacidade de acreditar que a terra batida de Monte Carlo podia ser o palco do
seu maior triunfo, e que o Lidador, com sua força incansável, era ele próprio.
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