Lesões mais frequentes no Ténis, Badminton e Ténis de Mesa
🖋️Por: António Vieira Pacheco
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⏱️ Tempo de leitura: 4 minutos
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| O cotovelo do tenista é uma das lesões mais frequentes nos desportos de raquetes. |
Três das modalidades de raquete —
ténis de mesa, badminton e ténis — continuam a crescer em popularidade,
nomeadamente entre praticantes amadores e atletas de formação. Apesar das
diferenças na intensidade e no tipo de movimento, todas partilham um elemento
essencial: exigem velocidade, precisão e repetição técnica constante. É essa
combinação que, ao longo do tempo, acaba por criar condições favoráveis ao
aparecimento de lesões, sobretudo em jogadores que treinam com frequência sem
acompanhamento técnico ou preparação física adequada.
A seguir, analisamos detalhadamente
as lesões mais comuns em cada modalidade, os mecanismos que as provocam e as
formas recomendadas de prevenção.
Movimentos
repetitivos
O gesto técnico característico das
modalidades de raquete — seja o ‘top’ ‘spin’ no ténis de mesa, o ‘clear’ no
badminton ou a pancada de serviço no ténis — depende de acelerações bruscas,
travagens rápidas e rotações repetidas da articulação do ombro. Quando
executados centenas de vezes por sessão, estes movimentos sobrecarregam tendões
e ligamentos, criando minúsculas lesões que, se não forem tratadas, evoluem
para problemas crónicos.
No ténis de mesa, a intensidade do
movimento é menor, mas a frequência é extremamente elevada. No badminton, o
impacto é moderado, mas a amplitude de movimento é maior. E no ténis, a
potência é substancialmente superior, exigindo força muscular significativa e
aumentando o risco de inflamações.
Tendinites
no ombro
A tendinite do ombro é uma das lesões
mais registadas nas três modalidades. A sua origem está na rotação constante do
braço, especialmente em movimentos acima da cabeça.
No ténis de mesa, a tendinite surge
frequentemente em jogadores que executam muitos ‘top’ ‘spins’ ou que utilizam uma
técnica de rotação exagerada. Apesar da bola leve, o esforço contínuo
sobrecarrega o supro espinhoso e os músculos rotadores.
No badminton, a pancada de ‘clear’ e o
smash potenciam este tipo de lesão devido à velocidade elevada e ao
desequilíbrio provocado pelo movimento ascendente do braço. Jogadores que usam
raquetes demasiado pesadas têm maior probabilidade de desenvolver inflamação.
No ténis, a tendinite do manguito
rotador é comum sobretudo em praticantes que treinam serviços repetidos sem
aquecimento adequado. A exigência biomecânica é superior e o impacto acumulado
pode levar a dor persistente e limitação de amplitude.
Epicondilite (‘cotovelo do tenista’)
Popularmente conhecida como ‘cotovelo
do tenista’, a epicondilite lateral é uma inflamação dos tendões extensores do
antebraço. Apesar do nome, não afeta somente tenistas; é igualmente frequente no
badminton e no ténis de mesa.
No ténis, surge em jogadores que
batem com raquetes rígidas ou cordas com tensão elevada, criando vibrações
excessivas que atingem diretamente o cotovelo.
No badminton, o impacto repetitivo do
volante, aliado às mudanças de direção do pulso, cria tensão nos tendões. Este
movimento, quando mal-executado, acelera o aparecimento de dor.
No ténis de mesa, embora menos
potente, o uso intensivo do flick e o bloqueio repetido induzem microrroturas
nos tendões extensores. Especialmente em atletas que treinam várias horas
seguidas com pouca pausa.
A epicondilite é uma das lesões que
mais afasta praticantes, uma vez que dificulta até tarefas simples como pegar
em objetos, abrir portas ou segurar a raquete.
Entorses e lesões no tornozelo
A velocidade e as mudanças bruscas de
direção tornam o tornozelo uma das articulações mais vulneráveis.
No badminton, os saltos frequentes e
deslocamentos laterais rápidos criam uma combinação propícia a entorses. A
superfície geralmente mais rígida aumenta o impacto e reduz a capacidade de
adaptação do pé.
No ténis, o risco eleva-se em pisos
duros e durante movimentos de corrida lateral intensa. O peso do corpo é
transferido abruptamente, e qualquer desequilíbrio pode resultar em torção
ou distensão dos ligamentos.
No ténis de mesa, embora o
deslocamento seja menor, a rapidez dos movimentos laterais de curta distância
pode levar a entorses leves, sobretudo em praticantes que utilizam calçado
inadequado ou que treinam em pisos escorregadios.
Tendinite do punho
O punho é fundamental para a execução
técnica nas três modalidades.
No ténis de mesa, a tendinite do
punho surge devido ao uso intensivo do movimento de rotação e ajuste fino do
ângulo da raquete. É frequente em jogadores ofensivos que recorrem com
frequência ao flick e ao ‘top’ ‘spin’.
No badminton, a técnica exige grande
flexão e extensão do punho para gerar aceleração. A repetição destes gestos
provoca sobrecarga tendinosa, especialmente em atletas que utilizam pegas demasiado rígidas.
No ténis, o punho suporta parte da
potência das pancadas, sobretudo no ‘top’ ‘spin’ agressivo. Uma pega mal
ajustada ou cordas demasiado tensas aumentam o risco de inflamação.
Lesões lombares
As rotações do tronco são essenciais
para gerar velocidade e controlo. Contudo, estas rotações constantes,
combinadas com a inclinação para a frente, colocam pressão sobre a região
lombar.
No ténis de mesa, a postura fletida
prolongada é a principal causa de dor lombar. Jogadores que não alternam a
posição ou que treinam por longos períodos tendem a acumular tensão.
No badminton, os saltos e aterragem
repetida criam impacto no ponto de contacto com o solo, transmitindo força à
zona lombar.
No ténis, o serviço é um dos
movimentos mais agressivos para a coluna. A combinação de rotação, extensão e
flexão torna o gesto particularmente exigente para a região lombar.
Lesões no joelho
O joelho é outro ponto crítico para
praticantes de modalidades de raquete.
A natureza explosiva dos movimentos — aceleração, travagem e mudança de direção
— coloca o joelho sob elevados níveis de ‘stress’.
No ténis de mesa, as lesões resultam
normalmente de impacto repetido ou postura inadequada durante movimentações
rápidas laterais.
No badminton, a exigência física é
maior. O salto constante e a necessidade de atingir rapidamente a posição ideal
tornam os atletas mais vulneráveis a inflamações e entorses.
No ténis, a flexão profunda durante
pancadas potentes, associada ao impacto do piso duro, contribui para desgaste
articular, tendinites e lesões dos ligamentos.
Prevenção e cuidados essenciais
Apesar das diferenças entre
modalidades, as recomendações gerais de prevenção são semelhantes:
— Aquecimento completo antes do
treino, incluindo mobilidade articular.
— Fortalecimento muscular,
especialmente ombros, core e pernas.
— Técnica correta acompanhada por treinador
ou orientador.
— Raquete adequada ao nível e
estilo do jogador.
— Pausas regulares para evitar sobrecarga
tendinosa.
— Calçado específico para cada modalidade.
— Alongamentos no final de cada
sessão.
Um atleta bem preparado fisicamente e
equipado com material adequado tem menor probabilidade de desenvolver lesões
crónicas.
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