Lesões mais frequentes no Ténis, Badminton e Ténis de Mesa

 🖋️Por: António Vieira Pacheco

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As lesões mais frquentes dos  tenistas.
O cotovelo do tenista é uma das lesões mais frequentes nos desportos de raquetes.

Três das modalidades de raquete — ténis de mesa, badminton e ténis — continuam a crescer em popularidade, nomeadamente entre praticantes amadores e atletas de formação. Apesar das diferenças na intensidade e no tipo de movimento, todas partilham um elemento essencial: exigem velocidade, precisão e repetição técnica constante. É essa combinação que, ao longo do tempo, acaba por criar condições favoráveis ao aparecimento de lesões, sobretudo em jogadores que treinam com frequência sem acompanhamento técnico ou preparação física adequada.

A seguir, analisamos detalhadamente as lesões mais comuns em cada modalidade, os mecanismos que as provocam e as formas recomendadas de prevenção.

Movimentos repetitivos

O gesto técnico característico das modalidades de raquete — seja o ‘top’ ‘spin’ no ténis de mesa, o ‘clear’ no badminton ou a pancada de serviço no ténis — depende de acelerações bruscas, travagens rápidas e rotações repetidas da articulação do ombro. Quando executados centenas de vezes por sessão, estes movimentos sobrecarregam tendões e ligamentos, criando minúsculas lesões que, se não forem tratadas, evoluem para problemas crónicos.

No ténis de mesa, a intensidade do movimento é menor, mas a frequência é extremamente elevada. No badminton, o impacto é moderado, mas a amplitude de movimento é maior. E no ténis, a potência é substancialmente superior, exigindo força muscular significativa e aumentando o risco de inflamações.

Tendinites no ombro

A tendinite do ombro é uma das lesões mais registadas nas três modalidades. A sua origem está na rotação constante do braço, especialmente em movimentos acima da cabeça.

No ténis de mesa, a tendinite surge frequentemente em jogadores que executam muitos ‘top’ ‘spins’ ou que utilizam uma técnica de rotação exagerada. Apesar da bola leve, o esforço contínuo sobrecarrega o supro espinhoso e os músculos rotadores.

No badminton, a pancada de ‘clear’ e o smash potenciam este tipo de lesão devido à velocidade elevada e ao desequilíbrio provocado pelo movimento ascendente do braço. Jogadores que usam raquetes demasiado pesadas têm maior probabilidade de desenvolver inflamação.

No ténis, a tendinite do manguito rotador é comum sobretudo em praticantes que treinam serviços repetidos sem aquecimento adequado. A exigência biomecânica é superior e o impacto acumulado pode levar a dor persistente e limitação de amplitude.

Epicondilite (‘cotovelo do tenista’)

Popularmente conhecida como ‘cotovelo do tenista’, a epicondilite lateral é uma inflamação dos tendões extensores do antebraço. Apesar do nome, não afeta somente tenistas; é igualmente frequente no badminton e no ténis de mesa.

No ténis, surge em jogadores que batem com raquetes rígidas ou cordas com tensão elevada, criando vibrações excessivas que atingem diretamente o cotovelo.

No badminton, o impacto repetitivo do volante, aliado às mudanças de direção do pulso, cria tensão nos tendões. Este movimento, quando mal-executado, acelera o aparecimento de dor.

No ténis de mesa, embora menos potente, o uso intensivo do flick e o bloqueio repetido induzem microrroturas nos tendões extensores. Especialmente em atletas que treinam várias horas seguidas com pouca pausa.

A epicondilite é uma das lesões que mais afasta praticantes, uma vez que dificulta até tarefas simples como pegar em objetos, abrir portas ou segurar a raquete.

Entorses e lesões no tornozelo

A velocidade e as mudanças bruscas de direção tornam o tornozelo uma das articulações mais vulneráveis.

No badminton, os saltos frequentes e deslocamentos laterais rápidos criam uma combinação propícia a entorses. A superfície geralmente mais rígida aumenta o impacto e reduz a capacidade de adaptação do pé.

No ténis, o risco eleva-se em pisos duros e durante movimentos de corrida lateral intensa. O peso do corpo é transferido abruptamente, e qualquer desequilíbrio pode resultar em torção ou distensão dos ligamentos.

No ténis de mesa, embora o deslocamento seja menor, a rapidez dos movimentos laterais de curta distância pode levar a entorses leves, sobretudo em praticantes que utilizam calçado inadequado ou que treinam em pisos escorregadios.

Tendinite do punho

O punho é fundamental para a execução técnica nas três modalidades.

No ténis de mesa, a tendinite do punho surge devido ao uso intensivo do movimento de rotação e ajuste fino do ângulo da raquete. É frequente em jogadores ofensivos que recorrem com frequência ao flick e ao ‘top’ ‘spin’.

No badminton, a técnica exige grande flexão e extensão do punho para gerar aceleração. A repetição destes gestos provoca sobrecarga tendinosa, especialmente em atletas que utilizam pegas demasiado rígidas.

No ténis, o punho suporta parte da potência das pancadas, sobretudo no ‘top’ ‘spin’ agressivo. Uma pega mal ajustada ou cordas demasiado tensas aumentam o risco de inflamação.

Lesões lombares

As rotações do tronco são essenciais para gerar velocidade e controlo. Contudo, estas rotações constantes, combinadas com a inclinação para a frente, colocam pressão sobre a região lombar.

No ténis de mesa, a postura fletida prolongada é a principal causa de dor lombar. Jogadores que não alternam a posição ou que treinam por longos períodos tendem a acumular tensão.

No badminton, os saltos e aterragem repetida criam impacto no ponto de contacto com o solo, transmitindo força à zona lombar.

No ténis, o serviço é um dos movimentos mais agressivos para a coluna. A combinação de rotação, extensão e flexão torna o gesto particularmente exigente para a região lombar.

Lesões no joelho

O joelho é outro ponto crítico para praticantes de modalidades de raquete.
A natureza explosiva dos movimentos — aceleração, travagem e mudança de direção — coloca o joelho sob elevados níveis de ‘stress’.

No ténis de mesa, as lesões resultam normalmente de impacto repetido ou postura inadequada durante movimentações rápidas laterais.

No badminton, a exigência física é maior. O salto constante e a necessidade de atingir rapidamente a posição ideal tornam os atletas mais vulneráveis a inflamações e entorses.

No ténis, a flexão profunda durante pancadas potentes, associada ao impacto do piso duro, contribui para desgaste articular, tendinites e lesões dos ligamentos.

Prevenção e cuidados essenciais

Apesar das diferenças entre modalidades, as recomendações gerais de prevenção são semelhantes:

— Aquecimento completo antes do treino, incluindo mobilidade articular.

— Fortalecimento muscular, especialmente ombros, core e pernas.

— Técnica correta acompanhada por treinador ou orientador.

— Raquete adequada ao nível e estilo do jogador.

— Pausas regulares para evitar sobrecarga tendinosa.

— Calçado específico para cada modalidade.

— Alongamentos no final de cada sessão.

Um atleta bem preparado fisicamente e equipado com material adequado tem menor probabilidade de desenvolver lesões crónicas.

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