Caminho de ferro rumo às meias-finais

Por António Vieira Pacheco
Português nas meias-finais em Réus.
Gastão Elias 'só' necessitou de dois ‘sets’ para qualificar-se para as meias-finais.

No cálido município de Réus, em Tarragona, onde hoje o céu se mistura entre o cinza das nuvens e as abertas de sol, Gastão Elias escreveu mais um capítulo da sua história tenística. O tempo, caprichoso como o próprio jogo, alternava entre nuvens pesadas e breves momentos de luz, como se o universo observasse e fosse cúmplice da sua jornada. Ao celebrar pela terceira vez consecutiva nesta cidade, o tenista da Lourinhã deu um passo firme em direção às meias-finais do ITF M25, um torneio que, como um palco íntimo, assiste ao desabrochar da sua perseverança e talento.

Com 34 anos e já com a experiência de quem percorre os meandros do circuito, Elias o segundo cabeça de série, venceu o britânico Felix Gill por 6-4 e 7-6 (7), numa batalha que exigiu do português não só técnica, mas também uma mentalidade de ferro. No derradeiro jogo de resposta do segundo ‘set’, Elias teve de suar a camisola e salvar quatro match points antes de levar o seu jogo a um tiebreak. No ponto decisivo, uma tensão que se fazia sentir no ar: uma negação a um ‘set’ point e mais duas tentativas até que, finalmente, a vitória se consumasse.

A viagem até às meias-finais não foi desprovida de desafios. O tenista português teve de se sobrepor ao argentino Julio Cesar Porras e ao espanhol John Echeverria, duas vitórias que exigiram concentração, força mental e aquela raça característica dos que nunca se rendem.

Agora, de olhos postos no segundo título da temporada, o português sabe que o caminho até à final será arduamente disputado. O vencedor do duelo entre o francês Clement Tabur e o espanhol Alex Martinez, ambos classificados à sua frente no ‘ranking’, será o próximo obstáculo. Mas Elias, com a experiência de quem já viu muitas lutas, caminha tranquilo, com a confiança de quem sente o jogo nas mãos e o título à distância de mais uma batalha.

Em cada pancada, em cada respiração, Elias escreve a sua própria poesia nas linhas do campo de ténis. E, ao olhar para o horizonte catalão, sabe que a sua história não é feita de vitórias somente, mas de persistência, de sonho, de alma. É isso que o torna ainda mais forte, ainda mais imbatível.

 

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