A força serena das mesas

 🖋️Por: António Vieira Pacheco

📸 Créditos: Federação Portuguesa de Ténis de Mesa

⏱️ Tempo de leitura: 3 minutos  

Fu Yu na mesa mostra classe.
Fu Yu, perto de completar 48 anos, não durará para sempre. A nova geração já dá a conhecer-se.

Artigo de opinião

Em Zadar, na Croácia, a seleção feminina de ténis de mesa de Portugal voltou a fazer história. Um bronze europeu que, à primeira vista, pode parecer discreto, mas que, na verdade, brilha com o valor do ouro. Não se trata somente de um pódio. É o reflexo de um projeto sólido, coerente e maduro, que há anos insiste em desafiar a lógica de um desporto dominado por potências com outros meios e tradições.

Portugal, atual quarto classificado do ‘ranking’ europeu, voltou a confirmar o seu estatuto de seleção de elite. E fê-lo com a serenidade de quem já se habituou a estar entre as melhores, mesmo quando o favoritismo raramente é português.

Fu Yu, o símbolo de uma geração

Quase a completar 47 anos, Fu Yu continua a ser a senhora do ténis de mesa nacional. Um símbolo de longevidade e dedicação, cuja postura diante da mesa é uma lição silenciosa de concentração, técnica e respeito pelo jogo. A sua eventual despedida aproxima-se, mas o legado que deixa é profundo: o de uma atleta que nunca precisou de palavras para inspirar — bastava vê-la jogar.

Ao seu lado, Shao Jieni representa o equilíbrio entre passado e futuro. Competente, experiente e determinada, começa agora a assumir o papel que um dia foi de Fu Yu — o de guiar, apoiar e preparar a nova geração. Ser líder é mais do que vencer; é saber transformar o talento dos outros em força coletiva.

O futuro tem 16 anos

E o futuro tem nome e idade: Júlia Leal, 16 anos, a mais jovem do grupo, estreou-se num Campeonato da Europa com uma vitória. Uma estreia de ouro que encheu de esperança quem acompanha o ténis de mesa português. Há nela a frescura de quem chega sem medo e a determinação de quem já sonha em grande.

A seu lado surge Matilde Pinto, um pouco mais velha, mas igualmente promissora. Matura, confiante e trabalhadora, Matilde é mais uma prova de que o caminho é bem trilhado, com jovens formadas num espírito competitivo saudável, mas ambicioso.

Um bronze com o peso da glória

A derrota por 3-0 frente à poderosa Alemanha nas meias-finais não diminui o mérito — antes o amplia. Porque só quem chega a este patamar pode cair nele. A consistência com que Portugal se mantém entre as melhores equipas da Europa é, em si, uma vitória.

Este bronze é mais do que um resultado: é um símbolo. Da persistência, da renovação e da maturidade de uma equipa que soube crescer, reinventar-se e continuar a acreditar.

Num país que ainda aprende a olhar para o ténis de mesa com o respeito devido, esta seleção feminina lembra-nos que o desporto é feito de continuidade — de quem abre caminhos e de quem os segue, passo a passo, ponto a ponto.

No silêncio de uma bola que rola sobre a mesa, Portugal fez-se ouvir em toda a Europa.

Fu Yu – A lenda discreta

Nascida na China, naturalizada portuguesa há muitos anos, Fu Yu é uma das figuras mais marcantes da história do ténis de mesa nacional.

Representou Portugal em múltiplos Campeonatos da Europa, Mundiais e Jogos Olímpicos.

Conhecida pela sua calma, precisão e inteligência de jogo, é admirada tanto pela longevidade como pelo profissionalismo.


      As novas vozes da Seleção

Shao Jieni, o elo entre gerações, assume o papel de líder dentro e fora da mesa.

Júlia Leal, 16 anos, estreou-se com vitória no Europeu — símbolo da nova vaga de talento nacional.

Matilde Pinto, em ascensão, reforça a consistência técnica e mental da nova geração portuguesa.

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