Nuno Borges: “Não fiz o encontro da minha vida, mas mantive-me calmo”

                                                         Por António Vieira Pacheco
Lidador explica tuso na Conferência de Imprensa no Millennium Estoril Open.
Créditos: Millennium Estoril Open. Maiato vence batalha dura e tem menos de 24 horas de recuperação.

Num Estoril banhado pelo sol e envolto na paixão de um público que sente o ténis como seu, Nuno Borges reencontrou-se com a sua melhor versão. O melhor tenista português da atualidade venceu um duelo intenso no court central do Millennium Estoril Open, arrancando aplausos, emoção e, acima de tudo, confiança para o que aí vem.

Foi um jogo muito duro. Julgo que ele teve muito mérito, apesar de não ter caído para o lado dele”, começou por admitir Borges, visivelmente cansado, mas sereno.

“Estou feliz com o meu nível e consegui desfrutar, apesar das circunstâncias.”

Concentração e constância: o segredo da vitória

Frente a um adversário igualmente determinado, Borges realçou a importância da consistência:

“Foi um jogo bastante constante, da minha parte e da dele. Acho que ele me obrigou a manter o nível do início ao fim. Às vezes basta um ou dois jogos maus para perder um ‘set’ crucial.”

Manter o foco e não vacilar — essa foi a chave. Mas nem só de rigor vive o jogo. Houve espaço para um sorriso. Para a leveza do momento.

“Houve momentos em que desfrutei do ambiente, do público, do estádio. Foi uma grande batalha, mas também um fim de tarde bem-passado.”

Kecmanovic no horizonte: mais uma batalha à vista

Nos quartos de final, espera-o Miomir Kecmanovic, sérvio conhecido pela resistência física e solidez mental. Borges não esquece o último confronto entre ambos, em Montreal.

“Foi um duelo duríssimo. Agora é na terra batida, mas não deverá ser muito diferente. Ele joga bem em ambas as superfícies. Estou à espera de uma batalha grande.”

O plano? Agarrar-se aos pontos positivos do encontro anterior. 

Tentar fazer um bom desempenho. Sei que terei de jogar muito bem se quiser ganhar.”

A herança de João Sousa… e o conforto do presente

Este foi o primeiro Estoril Open sem João Sousa, o histórico número um nacional. Uma ausência sentida, mas não paralisante.

Hoje até nem me senti muito nervosoo que nem sempre é o caso. No ano passado custou-me mais atingir o meu nível. Talvez por querer demais.” 

Desta vez, Borges parece mais sereno.

Não fiz o jogo da minha vida, mas mantive-me calmo. Penso que isso fez a diferença.”

Jogar em casa, um privilégio raro

Borges destacou ainda a raridade de competir em solo português:

Já não jogava em Portugal há um ano. Não tivemos Davis em casa, e isso pesa. Esta semana é especial por isso mesmo.”

O Millennium Estoril Open tornou-se, mais do que nunca, o palco onde o ténis português se celebra. E Borges, consciente disso, não esconde a gratidão. 

É muito importante termos esta semana. Para nós, significa muito.”

Recuperar para voltar a lutar

Depois de um encontro tão exigente, como se recupera em menos de 24 horas? Borges sorri, mas mantém os pés bem assentes na terra.

Hoje aguentei-me bem, mas não sei como vou acordar amanhã. Comer bem, dormir muito e não complicar. Isso é o mais importante.”

Um plano simples, mas eficaz. A confiança está lá. O corpo que colabore.

Em pleno Estoril, o Lidador não joga só ténis. Joga por todos nós. Na terra batida, onde cada ponto é um teste, o português mostra que a garra, a calma e a alegria de competir em casa podem ser tão decisivas como um ás bem colocado.

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