Henrique Rocha opera reviravolta épica em Roland Garros diante de Jakub Mensik


                                                                    Por António Vieira Pacheco
Que qualidade Henrique. Portuense brilha nos palcos de Paris.
Créditos: ATP Tour. Henrique Rocha encanta em Paris e está na terceira ronda de Roland Garros.

Que qualidade, Henrique Rocha e Paris aos seus pés!

A cortina ainda não caiu em Paris, mas Henrique Rocha já assinou um dos capítulos mais memoráveis da história do ténis português. Esta quinta-feira, no mítico palco de Roland Garros, o jovem de 21 anos voltou a desafiar o impossível e tornou-se no primeiro homem luso a vencer cinco encontros num só torneio do Grand Slam.

O feito vale-lhe também a entrada inédita no top 150 mundial — uma ascensão de, pelo menos, 50 lugares no ‘ranking’ ATP.

Frente ao talentoso checo Jakub Mensik, número 19 do mundo e campeão dos Masters 1000 de Miami, o número três português viu-se a perder por dois ‘sets’ a zero (2-6, 1-6). O cenário parecia selado. Mensik impunha-se com potência e precisão, obrigando o português a correr atrás de cada bola, quase sempre em vão.

A reviravolta nasce da coragem

Mas como se soprasse uma nova alma ao reencontrar-se no início do terceiro ‘set’, o portuense renasceu no Court 7. A energia virou-se, o público aqueceu, e o improvável foi tecido com garra e inteligência: 6-4, 6-3, 6-3. Cada ponto tornou-se um grito de resistência, cada troca de bolas uma batalha pela sobrevivência.

O portuense passou a ser somente o segundo português da história a recuperar de dois ‘sets’ de desvantagem num torneio do Grand Slam — feito estreado por Nuno Borges na ronda anterior e que Rocha, com instinto de pioneiro, repetiu logo a seguir. Nunca um tenista luso vencera cinco partidas num só Grand Slam. Jamais a história portuguesa no pó de tijolo francês escrevera-se com tanta alma.

O público, o fôlego e a fé

Do outro lado da rede, Mensik vacilava. O peso da vantagem perdeu-se nos erros não forçados. Do lado português, Rocha transformava o cansaço numa abordagem mais ousada. Os breaks acumulavam-se. A multidão enchia o Court 7, atraída pelo épico que se desenhava. O som das palmas misturava-se com a tensão dos grandes dias.

Na conquista do último ponto, Henrique Rocha ajoelhou-se por um instante. Depois ergueu-se com os braços cruzados junto ao peito e o olhar cravado no céu de Paris — um gesto de gratidão, contemplação, talvez incredulidade. Um símbolo de fé em si, no caminho feito e no que continua por chegar.

Segue-se agora Alexander Bublik, número 62 do mundo e também ele sobrevivente de uma recuperação improvável. O encontro será no sábado, com horário por confirmar. Mas seja qual for o desfecho, o portuense conquistou mais do que vitórias: conquistou o seu lugar na história.


 

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