Henrique Rocha opera reviravolta épica em Roland Garros diante de Jakub Mensik
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Créditos: ATP Tour. Henrique Rocha encanta em Paris e está na terceira ronda de Roland Garros. |
Que qualidade, Henrique Rocha e Paris aos seus pés!
A cortina ainda não caiu em Paris,
mas Henrique Rocha já assinou um dos capítulos mais memoráveis da história do
ténis português. Esta quinta-feira, no mítico palco de Roland Garros, o jovem
de 21 anos voltou a desafiar o impossível e tornou-se no primeiro homem luso a
vencer cinco encontros num só torneio do Grand Slam.
O feito vale-lhe também a entrada inédita no top 150 mundial — uma ascensão de, pelo menos, 50 lugares no ‘ranking’ ATP.
Frente ao talentoso checo Jakub
Mensik, número 19 do mundo e campeão dos Masters 1000 de Miami, o número três português viu-se a
perder por dois ‘sets’ a zero (2-6, 1-6). O cenário parecia selado. Mensik
impunha-se com potência e precisão, obrigando o português a correr atrás de
cada bola, quase sempre em vão.
A reviravolta nasce da coragem
Mas como se soprasse uma nova alma ao
reencontrar-se no início do terceiro ‘set’, o portuense renasceu no Court 7. A
energia virou-se, o público aqueceu, e o improvável foi tecido com garra e
inteligência: 6-4, 6-3, 6-3. Cada ponto tornou-se um grito de resistência, cada
troca de bolas uma batalha pela sobrevivência.
O portuense passou a ser somente o
segundo português da história a recuperar de dois ‘sets’ de desvantagem num
torneio do Grand Slam — feito estreado por Nuno Borges na ronda anterior e que
Rocha, com instinto de pioneiro, repetiu logo a seguir. Nunca um tenista luso
vencera cinco partidas num só Grand Slam. Jamais a história portuguesa no pó de
tijolo francês escrevera-se com tanta alma.
O público, o fôlego e a fé
Do outro lado da rede, Mensik
vacilava. O peso da vantagem perdeu-se nos erros não forçados. Do lado
português, Rocha transformava o cansaço numa abordagem mais ousada. Os breaks
acumulavam-se. A multidão enchia o Court 7, atraída pelo épico que se desenhava.
O som das palmas misturava-se com a tensão dos grandes dias.
Na conquista do último ponto,
Henrique Rocha ajoelhou-se por um instante. Depois ergueu-se com os braços
cruzados junto ao peito e o olhar cravado no céu de Paris — um gesto
de gratidão, contemplação, talvez incredulidade. Um símbolo de fé em si,
no caminho feito e no que continua por chegar.
Segue-se agora Alexander Bublik,
número 62 do mundo e também ele sobrevivente de uma recuperação improvável. O
encontro será no sábado, com horário por confirmar. Mas seja qual for o
desfecho, o portuense conquistou mais do que vitórias: conquistou o seu lugar
na história.
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