Sporting construiu um império sólido no ténis de mesa em Portugal

🖋️Por: António Vieira Pacheco

📸 Créditos: Direitos Reservados

⏱️ Tempo de leitura: 5 minutos

As equipas do Sporting e do Benfica juntas para a fotografia na época 1940/1941.
Sporting conquista o seu primeiro título frente ao eterno rival Benfica na década de 40.

“Every ball tells a story, and every table holds a dream.”
Cada bola conta uma história, e cada mesa guarda um sonho.

Da diversão à competição 
1925–1946

No coração do Sporting Clube de Portugal, onde o verde e branco vibravam com a força do atletismo e a repercussão dos campos de futebol, nasceu em 1925 uma nova dança: o ténis de mesa.

Pequenas bolas saltitantes cruzavam mesas como estrelas em órbita, e cada toque de raquete soava como prenúncio de glórias futuras. Inicialmente, era somente uma brincadeira entre sócios — um passatempo de fim de tarde — mas já se pressentia ali a centelha de algo maior, um destino de campeões.

Em 1926, o clube organizou os primeiros torneios internos, ainda sem carácter oficial, mas com entusiasmo contagiante. Cada ponto era uma faísca que acendia a paixão dos jogadores; cada vitória trazia consigo a promessa de novos horizontes.

Em 1932, o Sporting tornou-se sócio fundador da Associação de Lisboa de Ténis de Mesa e participou no primeiro Campeonato de Lisboa. Foi como abrir uma janela para o mundo: cada jogo contava uma história, e cada bola dançava com a esperança de um futuro glorioso.

A primeira grande conquista chegou em 1946, quando o Sporting se sagrou Campeão Nacional. A cidade pulsava com as vitórias, e o clube, como um gigante silencioso, erguia-se firme na história do desporto português. Cada triunfo era uma nota na sinfonia da glória; cada atleta, um poeta em movimento.

1950–1980

Consolidação e domínio nacional 

Entre as décadas de 1950 e 1980, o Sporting consolidou-se como um verdadeiro titã do ténis de mesa português.

Cada campeonato conquistado e cada taça erguida eram como tijolos na muralha da glória. Os adversários sentiam a imponência da tradição, e os ginásios de treino vibravam com o som ritmado das bolas — o bater de um coração coletivo.

Em 1987, a equipa alcançou a lendária dupla tripelete. Campeonato Nacional, Taça de Portugal e Supertaça conquistados em uníssono. Uma coreografia perfeita — cada gesto medido, cada ponto trabalhado. Não era somente vitória: era poesia em raquetes.

Durante estas décadas, o clube modernizou as suas infraestruturas e apostou na formação de jovens talentos. Muitos desses atletas emergiram como estrelas em ascensão, preparados para levar o nome do Sporting ainda mais alto.

A cultura de excelência criou uma aura de respeito e admiração que perdura até hoje.

1990–2010

 Internacionalização e desafios europeus 

Nos anos 1990 e 2000, o Sporting olhou para lá das fronteiras.

Enfrentou clubes da Alemanha, França e Suécia — potências da modalidade — em competições europeias. Cada confronto era uma batalha silenciosa; cada ponto disputado, um ensaio de coragem e determinação.

Mesmo diante de adversários com maior investimento, o Sporting manteve-se competitivo. Transformava cada derrota em lição e cada vitória em celebração da estratégia e do rigor do treino.

A equipa passou a ser reconhecida não só pelo talento, mas também pelo profissionalismo e pela disciplina — marcas registadas do emblema leonino.

A equipa de ouro do Sporting.
Pedro Miguel Moura (à direita).

Pedro  Moura

Um dos construtores do império

Nas figuras históricas do clube, está inserido Pedro Miguel Moura. O lisboeta iniciou a carreira no Sporting em 1978/79, com 12 anos, e representou o clube durante duas décadas. Tornou-se o pilar da secção e referência incontornável na história do clube.

Ao longo da carreira, conquistou:

14 títulos de Campeão Nacional

11 Taças de Portugal

2 Supertaças por equipas

7 títulos nacionais absolutos

6 títulos de seniores

11 títulos de pares

5 títulos de pares mistos

Cada troféu foi mais do que um número — foi testemunho de esforço, talento e paixão. Moura movia-se com elegância e precisão, como um poeta das mesas, transformando cada ponto em arte.

Após pendurar a raquete, tornou-se dirigente, presidindo à Federação Portuguesa de Ténis de Mesa durante três mandatos (2008/2020), sendo vice-presidente da European Table Tennis Union (ETTU). Hoje, é o presidente daquele organismo.

Ele não unicamente venceu — construiu. Criou e abanou pontes, formou gerações e consolidou o Sporting como império europeu do ténis de mesa.

Palmarés
Constelações de títulos

O Sporting é o clube português mais titulado da história do ténis de mesa, com mais de 600 conquistas nacionais, incluindo:

42 Campeonatos Nacionais

36 Taças de Portugal

20 Supertaças

Cada troféu é uma estrela na constelação do esforço, talento e paixão que iluminam a história leonina.

Curiosidades históricas

  • Foi um dos primeiros clubes portugueses a disputar competições europeias, nos anos 1990.
  • Pioneiro na introdução de treino psicológico e acompanhamento nutricional.
  • Vive o lema “Esforço, Dedicação, Devoção e Glória” como matriz formadora de campeões.

2010–2025

A hegemonia renovada

Nos últimos anos, o Sporting reforçou a sua dominância.

A equipa masculina conquistou dez títulos consecutivos de Campeão Nacional, mantendo-se invencível nos play-offs, e venceu igualmente a Taça e a Supertaça. O Sporting não se limita a colecionar títulos. É uma escola, uma referência e uma força de transformação.

Ex-jogadores tornaram-se treinadores, transmitindo o saber adquirido. A influência do clube fez crescer o nível competitivo nacional e elevou o nome de Portugal nas arenas europeias.

Futuro e continuidade

Com uma tradição sólida e uma cultura de excelência, o Sporting olha o futuro com ambição.

A aposta na juventude, na inovação tecnológica e na expansão internacional garantem que o clube continuará a dominar a modalidade.

O Sporting mantém-se fiel à sua essência: ter campeões que honrem Portugal em todos os palcos, perpetuando o império do ténis de mesa lusitano.

“E assim, a bola continua a rolar, levando sonhos de campeão em campeão.”

A história do ténis de mesa no Sporting é mais do que uma sequência de títulos. É uma epopeia de esforço, inteligência e paixão.

Um século depois dos primeiros toques de raquete, o eco dessas bolas ainda ressoa nas mesas verdes de Alvalade, lembrando-nos que onde há dedicação, o impossível transforma-se em vitória.

 

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