Matilde Jorge: entre a terra e o sonho, uma nova história em Bistrita
🖋️Por: António Vieira Pacheco
📸 Créditos: Federação Portuguesa de Ténis
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Vimaranense mostra a sua garra em terras do Leste da Europa. |
'Quartos' assegurados na Roménia
Em Bistrita, cidade romena rodeada por colinas que respiram lendas antigas da Transilvânia, Matilde Jorge encontrou a sua própria narrativa de resiliência.
A portuguesa de 21 anos,
atual 248.ª do ‘ranking’ WTA, entrou em court com a serenidade que a
caracteriza, mas cedo sentiu o peso adversário. A romena Ilinca Dalina Amariei
(367.ª) impôs ritmo no primeiro ‘set’ e venceu por 6-3.
Muitos diriam ser uma montanha difícil de escalar. Porém, no ténis, como no curso de um rio, a direção pode mudar de um instante para o outro. Foi o que aconteceu.
A vimaranense, firme na paciência e na crença, reencontrou o fio do jogo. Devolveu intensidade ao fundo do court, variou o ritmo com inteligência e mostrou que a sua maior arma é a capacidade de recomeçar.
O segundo ‘set’ caiu por 6-3, e o terceiro, com a
mesma clareza, carimbou a passagem à fase seguinte, por 3-6, 6-3, 6-3.
Com este triunfo, a jovem vimaranense inscreve novamente o seu nome nos quartos de final de um torneio em terra batida. Mais de um ano depois, regressa a este patamar na superfície mais exigente, aquela que testa não só os golpes, mas também a paciência, a mente e o coração.
A próxima adversária sairá do embate
entre a japonesa Haruka Kaji (287.ª, quarta cabeça de série) e a convidada romena
Eva Maria Ionescu (699.ª). Seja quem for a rival, Matilde já provou que não se
define pelo início de uma partida, mas sim pela forma como a termina.
💡 Sabia que
Matilde é também a mais jovem portuguesa no top 300 WTA?
O estilo de Matilde combina paciência, consistência e capacidade de luta. Uma das suas marcas é virar encontros que começam adversos.
Conseguiu, recentemente, três vitórias consecutivas após perder o primeiro ‘set’, todas em torneios ITF?
A metáfora da terra batida
Este sucesso não é exclusivamente um resultado. É também um reflexo de quem Matilde é em court.
É uma jogadora de
paciência fértil, como a terra batida que tanto exige de quem nela compete. A
superfície avermelhada não perdoa precipitações, mas recompensa quem sabe
esperar pelo momento certo para decidir.
A jovem portuguesa aprendeu a
transformar a ansiedade em foco, a derrota num ‘set’ em combustível para os
seguintes. Em cada deslize de sapatilhas, há quase uma dança com a terra. Uma
conversa silenciosa entre atleta e superfície.
Tal como o Douro encontra curvas
inesperadas no seu caminho até ao mar, a conquistadora descobre em cada partida
a possibilidade de reinventar-se. Perder o primeiro parcial já não é sinónimo
de queda, mas de oportunidade para mostrar a força da resistência.
O futuro imediato
No Leste da Europa, já conquistou mais do que
uma simples vitória. Conquistou confiança, ritmo e o direito de sonhar mais
alto. Os quartos de final são apenas mais uma etapa numa carreira que, aos 21
anos, está ainda a ser desenhada com traços de disciplina e ambição.
O próximo encontro, frente a Haruka
Kaji ou Eva Maria Ionescu, será mais um teste à sua consistência. Independentemente do resultado, esta campanha em Bistrita já se inscreve como um marco de
maturidade.
Ela carrega consigo o simbolismo de uma nova vaga no ténis português. Jovens que sonham sem medo, que aprendem com cada derrota e que celebram cada vitória como degraus numa escada longa.
Em
Bistrita, transformou um início difícil num final de triunfo.
E, como tantas vezes na vida e no
desporto, é nessa capacidade de recomeçar que se encontra o verdadeiro talento.
Tal como a terra que floresce depois do inverno, Matilde mostrou que cada ‘set’
perdido pode ser apenas o prelúdio de uma nova primavera.
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