Jaime Faria e a coragem de nunca desistir no US Open
🖋️Por: António Vieira Pacheco
📸 Créditos: Federação Portuguesa de Ténis
⏱️ Tempo de leitura: 2 minutos
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Goodbye, Nova Iorque. Canhão do Jamor não resistiu ao espanhol diabólico e com sede de vingança. |
Nova Iorque, sempre vibrante, voltou a ser palco maior do ténis mundial.
Entre luzes intensas e o burburinho da “Cidade que Nunca Dorme”, Jaime Faria realizou o sonho de entrar no quadro principal do US Open.
O lisboeta, 117.º do ‘ranking’ ATP,
chegou como lucky loser e completou a estreia nos quatro Grand
Slams num só ano. Contudo, o destino, implacável, não lhe sorriu logo na
primeira ronda.
Na noite de segunda-feira, diante do
espanhol Jaume Munar (44.º ATP), o Canhão do Jamor resistiu quanto pôde,
mas acabou por ceder ao quarto match point. O resultado — 0-6, 3-6, 7-5,
2-6 em 2h43 — ditou o fim da aventura norte-americana, deixando em prova,
somente, Nuno Borges, em singulares, e Francisco Cabral, em pares.
A entrada demolidora do espanhol
O duelo ibérico começou com uma nota
dura para o português. Munar, de 28 anos, entrou com a serenidade de quem
conhece bem o palco e o peso dos grandes torneios.
O espanhol mostrou consistência desde
a linha de base, aproveitando 70% dos pontos com o primeiro serviço,
ao passo que Faria não passou dos 49% e acumulou cinco duplas-faltas logo no
arranque.
O primeiro ‘set’ foi um vendaval para
o lisboeta: somente cinco pontos ganhos no serviço e um “pneu” que deixou claro
o desafio monumental pela frente.
No segundo parcial, chegou a esboçar
reação com um break inicial, mas o ritmo caiu rapidamente e Munar recuperou,
fechando em 6-3. Dois ‘sets’ resolvidos em pouco mais de uma hora — e um jovem
português encostado às cordas.
O sopro de esperança
No terceiro “set”, Faria mostrou o coração de lutador. Encostado
às cordas e com a derrota a espreitar, o lisboeta recusou a desistir.
De 1-3 abaixo, arriscou mais,
acelerou o jogo e soltou a direita. Os winners incendiaram o público e
reacenderam por instantes a esperança.
Com um total de 44 winners ao
longo do encontro, o português conseguiu contrariar a passividade que Munar
tentava impor e, com coragem, fechou o parcial em 7-5. O US Open, sempre
dramático, oferecia-lhe por instantes a sensação de que tudo era possível. Porém, a esperança seria breve.
O peso dos erros e o fim inevitável
Se por um lado os winners mostravam a
ousadia de Faria, por outro os 57 erros não forçados revelaram
a outra face da juventude. A pressa, a ansiedade, a falta de consistência que
só o tempo e a experiência trazem. No quarto ‘set’, ainda recuperou um break de
atraso, mas a solidez de Munar falou mais alto. O espanhol aproveitou-se das
fragilidades do português, fechando o encontro com quatro jogos consecutivos e
selando o destino.
O fisioterapeuta ainda foi chamado ao
court, mas já era tarde. E o corpo e a mente carregavam o peso de uma
batalha desigual, e o adeus a Nova Iorque estava escrito.
Um feito que fica para a história
Apesar do desfecho, a caminhada do número dois de Portugal tem um valor histórico. Tornou-se o décimo português a
disputar os quatro quadros principais de Grand Slam, mas o primeiro a
fazê-lo logo no ano de estreia.
Um percurso que incluiu o qualifying
ultrapassado na Austrália e em Roland Garros, entrada direta em Wimbledon e,
finalmente, a sorte nova-iorquina como lucky loser.
Foi uma estreia com lágrimas de
esforço, mas também com marcas de esperança. Nova Iorque não lhe deu a glória,
mas ofereceu-lhe a experiência que molda carreiras.
Portugal continua em cena
Com Faria afastado, o protagonismo
português em singulares passa agora para Nuno Borges (41.º ATP), que entra
em ação frente ao norte-americano Brandon Holt (110.º ATP).
Nos pares, Francisco Cabral mantém
viva a representação nacional, garantindo que a bandeira portuguesa continua
erguida nos courts do US Open.
Nova Iorque fecha assim um capítulo para
o lisboeta, mas abre as páginas de um futuro promissor. E, como todos os que
ousam sonhar alto, saiu derrotado no resultado, mas vitorioso na história que
começa a escrever no ténis português.
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