Frederico Silva cala as dúvidas e regressa às vitórias no Porto
🖋️Por: António Vieira Pacheco
📸 Créditos: Federação Portuguesa de Ténis
⏱️ Tempo de leitura: 3 minutos
🎬 Créditos: Federação Portuguesa de Ténis
PORTO — A terra batida do Clube de Ténis do
Porto voltou a escutar o nome de Frederico Ferreira Silva gritado com
entusiasmo.
O caldense, de 30 anos,
conquistou esta terça-feira uma vitória suada, mas marcante na CT Porto Cup,
Challenger ATP 75, e deixou um recado claro. Ainda tem muito ténis para
oferecer.
O triunfo sobre o espanhol Max Alcala
Gurri, por 6-3, 4-6 e 6-2, foi mais do que uma simples passagem à segunda
ronda. Representou o regresso de “Kiko” às vitórias em torneios Challenger de
terra batida em solo português. Algo que já não acontecia desde o Belém Open,
em setembro de 2024.
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Voltou a vencer em Portugal e calou todas as dúvidas. Kiko mostra que ainda tem muito ténis para dar! |
Uma batalha de quase três horas
Durante 2h29, Fred mostrou os motivos
que continuam a ser um dos nomes de referência do ténis português. Perante um
adversário consistente, que esta temporada conquistou o M25 de Valência, o
esquerdino manteve a paciência e a resiliência que tantas vezes marcam a sua
carreira.
A primeira partida trouxe-lhe
confiança: bolas profundas, movimentações laterais e ritmo imposto desde cedo.
No entanto, no segundo ‘set’, Alcala Gurri conseguiu contrariar a cadência e
aproveitou uma ligeira quebra para igualar o encontro.
No terceiro parcial, porém, Fred recuperou a clareza e deixou a sua marca de veterano. Mais sólido no serviço, salvou nove dos 14 pontos de break enfrentados e converteu sete oportunidades. O espanhol acusou o desgaste e rendeu-se ao pulso firme do português, que fechou o duelo com autoridade.
O court central do CT Porto não é
novo para Fred. Há 16 anos, ainda adolescente, venceu ali um
Campeonato Nacional de sub-14. Hoje, regressa como oitavo cabeça de série e com
uma bagagem cheia de histórias de superação.
A ligação à cidade Invicta tornou a
vitória ainda mais simbólica. Ele não escondeu a emoção de voltar a
triunfar em Portugal, perante um público que o aplaudiu do primeiro ao último
ponto. Para quem o acompanha desde os tempos de júnior — quando foi campeão
europeu e campeão de pares no US Open e Roland Garros — este triunfo é a prova
de que o talento e a vontade de competir continuam vivos.
A carreira de quem nunca desistiu
Kiko tem sido um exemplo de
resistência no ténis nacional. Aos 30 anos, soma 20 títulos no circuito
ITF/Futures, mas continua em busca do tão desejado troféu num Challenger ATP.
Pelo caminho, enfrentou várias lesões que ameaçaram travar-lhe o percurso, mas
manteve-se firme, reinventando-se sempre que foi necessário.
Treinado no Centro de Alto Rendimento
da Federação Portuguesa de Ténis, Kiko carrega consigo a reputação de ser um
trabalhador incansável. O talento sempre foi evidente. Porém, é a persistência
que o mantém competitivo contra adversários mais jovens e melhor posicionados
no ‘ranking’.
Um futuro ainda aberto
O triunfo desta terça-feira deixou em
aberto a possibilidade de um duelo nacional na próxima ronda. Fred aguarda agora pelo vencedor do embate entre Tiago Torres, jovem compatriota que
procura a primeira vitória em quadros principais de Challenger, e o checo Hynek
Barton.
Se esse confronto luso acontecer, o
público do Porto terá de dividir a voz. Mas, independentemente do adversário, o
natural da Foz do Arelho mostrou estar preparado para mais uma maratona, se for
preciso.
O
significado desta vitória
Mais do que os números, este triunfo
foi uma afirmação de identidade. Kiko pode já não ser o jovem
prodígio que encantou o ténis mundial nos escalões juniores. Porém, continua a
representar a alma de quem se recusa a desistir.
No Porto, diante de um público que
reconhece o valor da luta, o caldense lembrou que o ténis é tanto feito de
talento como de resistência. E que, às vezes, a verdadeira vitória não está
apenas no resultado, mas na capacidade de continuar a acreditar.
Fred saiu do campo de ténis com a serenidade
de quem sabe que ainda tem capítulos para escrever. E, pelo menos
por agora, calou todas as dúvidas com a sua raquete.
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