Da frustração à felicidade de Jaime Faria no US Open

🖋️Por: António Vieira Pacheco

📸 Créditos: ATP Tour

⏱️ Tempo de leitura: 3 minutos

A sorte acompanhou o lisboeta no sorteio dos repescados.
Lisboeta entra no quadro principal como lucky loser. A sorte protege os audazes.

Canhão do Jamor entra como repescado

Minutos após perder na ronda de acesso ao quadro principal do US Open, Jaime Faria, número dois de Portugal e 118.º ATP, sentiu uma mistura agridoce de frustração e esperança.

Aos 22 anos, o lisboeta sabia que precisava de vencer para garantir a entrada no quadro principal. Mas, como tantas vezes no ténis, nem sempre a determinação basta.

O campo estava quente, o público atento, e cada ponto parecia pesar toneladas. A bola batia na superfície com um som seco, ecoando o esforço e a tensão. Cada jogada contava. E, naquele momento, o sonho parecia suspenso.

A reviravolta: Lucky Loser

Poucos minutos depois, chegou a notícia inesperada: Faria entraria no quadro principal como lucky loser. O jovem atleta, que terminara a qualificação entre os cinco melhores derrotados, viu a sorte sorrir-lhe no sorteio, conquistando uma das três vagas disponíveis.

O conceito de lucky loser é simples, mas dramático: quem perde na derradeira ronda de qualificação ainda pode ganhar. 

É um segundo sopro de vida, uma oportunidade que transforma a frustração em adrenalina pura. Para o lisboeta, era a oportunidade de disputar os quatro Grand Slams do ano, algo que nenhum jovem tenista português pode ignorar.

Primeiro desafio chama-se Munar

Na primeira ronda, o adversário é o espanhol Jaume Munar, 46.º ATP. Para o Canhão do Jamor, não é somente um número no ‘ranking’. 

É o jogador que derrotou no Rio de Janeiro para chegar aos quartos de final de um ATP… também como lucky loser. A história repete-se, mas o contexto é diferente: a pressão de um Grand Slam, as câmaras, o público.

A memória desse triunfo serve de combustível. Cada serviço, cada golpe e cada ponto lembram que é possível transformar uma derrota em vitória, se a oportunidade for bem aproveitada.

Henrique Rocha a esperança à porta

Enquanto Faria celebra a oportunidade, Henrique Rocha depende de quatro desistências para ainda entrar no torneio. 

O portuense mantém-se em Nova Iorque, preparado e concentrado, ciente de que o ténis, mais do que força física, é paciência e momento.

Mesmo fora do quadro principal, Francisco Rocha observa, aprende, treina e mantém a esperança viva. Esta dualidade entre a certeza e a possibilidade é parte do drama que torna o desporto fascinante.

A psicologia do ténis

O ténis é um desporto de detalhes. Cada ponto é um teste mental. Para Faria, passar de um estado de frustração à alegria de lucky loser exige controlo emocional absoluto.

A capacidade de gerir a ansiedade, manter o foco e acreditar em si próprio é tão importante quanto a técnica. No Grand Slam, a mente pode ser tão decisiva quanto o braço.

O percurso de Faria não começou no US Open. Ele é fruto de anos de treino, disciplina e escolhas difíceis. A trajetória mostra que um campeão é sempre um trabalho coletivo: treinadores que acreditam, famílias que apoiam.

O papel da sorte

Em ténis, a sorte é um ingrediente invisível, mas decisivo. Lucky loser não é apenas um estatuto; é a prova de que oportunidades podem surgir mesmo após uma derrota. Para Faria, é uma lição: perseverança, aliada à preparação e à mentalidade certa, transforma um revés em oportunidade de consagração.

Com Faria no US Open, Portugal reforça a presença nos quatro Grand Slams do ano. O país ainda não tem tradição consolidada de campeões em torneios maiores, mas atletas como Faria e Rocha mostram que o talento existe.

 

 

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