Jaime Faria eliminado na estreia em Wimbledon 2025
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: ATP Tour. Canhão do Jamor não esteve eficaz e encravou na primeira ronda de Wimbledon. |
Derrota clara frente a Lorenzo Sonego
Jaime Faria despediu-se esta terça-feira,
prematuramente, da edição 2025 de Wimbledon. No seu primeiro encontro no quadro
principal do torneio londrino, o jovem português de 21 anos cedeu perante a
experiência e solidez do italiano Lorenzo Sonego, que venceu com autoridade
pelos parciais de 6-3, 6-4 e 6-2, num duelo disputado no Court 8 do All England
Club.
O Canhão do Jamor chegou à relva
inglesa embalado por três vitórias firmes no qualifying, mas não conseguiu
transportar esse embalo para o maior palco. A agressividade habitual deu lugar
à hesitação, e o talento, tantas vezes cintilante, ficou preso nos detalhes.
Sem encontrar o seu ritmo, observou o adversário a crescer e a tomar conta do
encontro, que terminou ao fim de somente uma hora e 43 minutos.
Sonego dominou com naturalidade
Lorenzo Sonego, atual 54.º do
‘ranking’ mundial, fez valer o seu maior à-vontade nestas andanças. Sem
necessitar de um desempenho exuberante, o italiano ditou o ritmo e controlou a
partida com precisão e serenidade.
Ao longo do encontro, somou 38
pancadas vencedoras — entre elas 15 ases — e somente 12 erros não forçados,
exibindo uma eficácia fria e clínica. Faria, por seu lado, registou um rácio
desequilibrado de 23 winners para 32 erros não forçados e conseguiu somente
quatro ases em todo o encontro, sem nunca conseguir incomodar verdadeiramente o
serviço adversário.
Sonego quebrou o serviço do português
por cinco vezes e navegou pelas trocas de bola com segurança, mostrando sempre
estar um passo à frente nos momentos de decisão.
Físico ainda longe da plenitude
As limitações não foram somente
técnicas ou mentais. O corpo do número dois de Portugal continua a revelar fragilidades
acumuladas ao longo da temporada. Lesões no pé esquerdo, no braço direito e nas
costas dificultam o seu progresso e interrompido a construção de uma forma mais
consistente.
Estes contratempos físicos
afastaram-no da competição durante quase dois meses e deixaram marcas visíveis.
Em Wimbledon, numa superfície que exige explosão, leveza e rapidez de decisão,
o jovem lisboeta voltou a dar sinais de que ainda não recuperou por completo.
Três Grand Slams seguidos aos 21 anos
Apesar da eliminação precoce, Faria
soma com Wimbledon o seu terceiro Grand Slam consecutivo — todos eles
alcançados a partir da fase de qualificação. É um feito notável para um jogador
de 21 anos, que em poucos meses decorreu de promessa a presença constante nos
grandes palcos.
No Australian Open, em Roland Garros
e agora em Wimbledon, mostrou que tem estofo para competir ao mais alto nível.
Mesmo sem triunfos no quadro principal, a experiência acumulada começa a pesar
a seu favor.
Trieste poderá ser decisivo para o US Open
O próximo passo será dado em terra
batida. O lisboeta ruma agora a Trieste, em Itália, onde disputará um torneio
Challenger que poderá ser determinante para o resto da sua temporada.
Atualmente dentro do top 140 ATP,
Faria está muito próximo de garantir entrada direta no US Open, último Grand
Slam do ano. Um bom desempenho em solo transalpino pode fechar esse objetivo e, ao mesmo
tempo, devolver-lhe o ritmo, a confiança e a alegria competitiva que a lesão
lhe roubou.
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