Embalado pelo vento Tiago Pereira conquista título na Figueira da Foz
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: Constança Ferreira. Algarvio conquistou o título num M25 à sexta tentativa. |
Algarvio faz a festa junto à praia!
Desde o início de 2025, Tiago Pereira tem trilhado com passos firmes e
muita determinação o circuito do ténis profissional. Com somente 21 anos, o
jovem algarvio mostra que a perseverança é uma das armas mais poderosas no
mundo das modalidades. Apesar do ano ter começado com alguns desafios,
nomeadamente cinco finais perdidas em torneios ITF M25 no primeiro semestre, a
força de vontade do algarvio nunca esmoreceu.
Cada derrota trouxe uma lição, cada
jogo foi uma escola que lhe ensinou a lidar com a pressão, o vento, a ansiedade
e o inesperado. O ténis, para ele, não é somente um jogo, é uma dança constante
entre corpo e mente, entre técnica e emoção. O seu olhar atento, o seu jogo
disciplinado e o coração a bater forte foram o compasso desta dança, que
finalmente encontrou o seu auge na Figueira da Foz.
Um domingo de glória na Figueira da Foz
Na sexta-feira, deu-se o momento
decisivo que todos aguardavam. No domingo, Tiago Pereira ergueu o troféu mais
importante da sua curta, mas promissora, carreira, ao vencer o Figueira da Foz
International Mens Open. Esta competição, que se estreou com brilho na costa
portuguesa, foi o palco onde o jovem atleta algarvio mostrou ao país e ao mundo
o seu talento e resiliência.
No Tennis Club da Figueira da Foz,
sob um céu onde o vento insistia em brincar com as bolas, Tiago enfrentou
Darwin Blanch, uma jovem promessa de 17 anos natural da Flórida, que treina na
Ferrero Tennis Academy, em Alicante. Darwin, quinto cabeça de série do torneio
e número 470 mundial, chegava ao jogo decisivo com uma campanha impressionante
— tendo cedido somente nove jogos durante todo o torneio.
Porém, o filho de Pedro Pereira,
quarto cabeça de série, não se deixou intimidar. Com parciais de 6-2 e 6-1, e
após somente 63 minutos de um confronto intenso, o algarvio conquistou o
título, perante bancadas cheias que vibraram com cada ponto.
A técnica, a disciplina e a força interior
O número seis nacional foi a
expressão perfeita da disciplina e do talento em ação. Serviu com confiança e
precisão, demonstrando um jogo de pés leve e rápido, que lhe permitiu responder
a todas as investidas do seu adversário. Não cedeu o serviço uma única vez e
salvou todos os break points que surgiram — um feito que espelha não só a sua técnica,
mas também a sua força mental.
O vento, adversário invisível, mas
presente, parecia jogar ao do português, que se manteve focado, calmo e
determinado. Cada golpe era um poema silencioso, uma batalha delicada entre
concentração e emoção. O algarvio tornou-se assim o português com mais vitórias
na temporada — 39 no total — e conquistou o seu terceiro título na carreira, o
mais importante até hoje, pois foi o seu primeiro em solo nacional e num
torneio M25.
O valor da perseverança e o olhar no futuro
O caminho até aqui não foi fácil. As
derrotas em finais no Algarve no início do ano poderiam ter desencorajado
qualquer jogador, mas não Pereira. Cada passo atrás foi uma preparação
para saltos maiores. O triunfo na Figueira da Foz é, portanto, muito mais do
que um troféu; é um símbolo de resiliência, de paixão e do espírito competitivo
que define o verdadeiro atleta.
Agora, após esta conquista, o jovem
desfrutará de uma merecida semana de descanso. Mas o calendário competitivo não
para: em breve seguirá para uma sequência de torneios Challenger, onde
continuará a lutar e a crescer, com o Porto Open como uma das etapas mais
aguardadas no final do mês.
Uma história de emoção e vida
A jornada de Tiago Pereira é
uma história que ultrapassa as fronteiras do desporto. É um relato sobre a
juventude, os sonhos e a capacidade humana de persistir mesmo quando os
resultados não acompanham o esforço imediato. É sobre aprender a sentir cada
jogo como um momento único, onde o corpo e a alma se encontram, onde as cores
do tapete do campo e os aplausos da multidão transformam-se em combustível para
seguir.
Para o luso, cada ponto jogado, cada momento em que segurou a raquete, foi uma promessa silenciosa de que, com dedicação, talento e coração aberto, o sucesso é possível. A sua vitória na Figueira da Foz é uma luz que ilumina o caminho para jovens atletas portugueses e para todos nós que acreditamos no poder do esforço e da paixão.
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