Confronto de irmãs fará história em Montemor-o-Novo

                                                          Por António Vieira Pacheco

Titulo de Montemor-o-Novo ficará em família.
Créditos: FPT. Francisca Jorge vence e marca encontro com a irmã mais nova na final alentejana.

 No coração do Alentejo, duas irmãs escreverão um capítulo singular na história do ténis português.

Este domingo, Montemor-o-Novo será palco de um encontro sem precedentes: Matilde e Francisca Jorge vão defrontar-se na final do Montemor Ladies Open, torneio internacional da categoria ITF W50. É a primeira vez que ambas as irmãs se encontram numa final do circuito profissional, e logo em solo nacional — como se o destino tivesse escolhido o momento e o lugar ideais para uma história destas se cumprir.

Da mais nova à mais velha, um caminho traçado em espelho

Foi Matilde quem abriu as hostilidades. Aos 21 anos, a número dois nacional carimbou pela manhã o passaporte para a sua primeira final de um torneio W50, ao bater a eslovaca Viktoria Hruncakova em dois ‘sets’ muito disputados. A vitória foi um marco: confirmou a maturidade crescente da jovem vimaranense e preparou o terreno para o que se seguiria.

Horas depois, Francisca, a irmã mais velha, não quis ficar atrás. Com uma exibição de luxo, a número um nacional arrasou a principal cabeça de série do torneio, a norte-americana Hina Inoue (218.ª WTA), por esclarecedores 6-2 e 6-1. O encontro durou somente 59 minutos, dominado de início ao fim pela portuguesa, que não deu margem à adversária para respirar.

Com variações constantes e uma leitura de jogo afinada, Francisca impôs o seu ritmo e somou a quarta vitória da semana de forma categórica — a mais convincente de todas.

Sete encontros internacionais — mas nunca numa final

A rivalidade desportiva entre as irmãs Jorge tem já algum historial. No circuito ITF, defrontaram-se em seis ocasiões, com Kika a levar vantagem por 4-2. Também em solo nacional, já discutiram cinco finais do Campeonato Nacional Absoluto — todas elas vencidas pela mais velha.

No entanto, nunca até agora se haviam cruzado numa final internacional. Este será, portanto, o primeiro duelo com um título ITF em jogo, o que lhe confere um simbolismo especial — não só pela ligação familiar, mas também pelo contexto competitivo.

Francisca, de 24 anos, lidera a hierarquia nacional e conta com mais experiência internacionalmente. Matilde, mais jovem e ainda em fase ascendente, parece determinada a desafiar a lógica e escrever o seu próprio desfecho.

Uma final que transcende o desporto

Mais do que uma disputa pelo troféu, a final do Montemor Ladies Open será também uma celebração do percurso de duas irmãs que cresceram lado a lado, partilhando treinos, derrotas, vitórias e sonhos. O palco é português, mas a história tem alcance universal: o desporto enquanto laço, enquanto palco de superação, enquanto espelho de cumplicidade.

Independentemente do resultado, a final ficará como um testemunho raro da presença de duas atletas da mesma família no topo do ténis nacional e a competir, frente a frente, por um título internacional.

Domingo às 10 horas, um momento para a história

Agendada para as 10 horas da manhã, a final promete atrair atenções não só dos amantes do ténis, mas de todos os que reconhecem a beleza das histórias que o desporto conta.

Com estilos diferentes, mas complementares, Francisca e Matilde prometem um duelo equilibrado e repleto de emoção. O respeito mútuo é evidente, mas a vontade de vencer também — e, durante pouco mais de uma hora, as irmãs Jorge deixarão os laços familiares à porta do court para disputarem o que é, para ambas, uma das finais mais especiais da carreira.

Seja qual for o desfecho, Montemor já tem um lugar reservado na história do ténis português. E nas memórias eternas de duas irmãs que, em pleno Alentejo, conquistaram o seu lugar entre as grandes histórias do desporto nacional.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

João Paulo Brito: as vitórias sem árbitros oficiais no ténis de mesa

Gilberto Garrido é um farol da Madeira

José Santos, o árbitro mais antigo do ténis de mesa