Pressão portuguesa na SEB Arena
Por António Vieira Pacheco
![]() |
Créditos: Salius Cirba. Chamada à última hora, dita derrota. |
Na SEB Arena, em Vilnius — um recinto
moderno de betão e nervos onde o som da bola ecoa como tambor de guerra —, a
jovem Angelina Voloshchuk foi surpreendida pela vida em formato de match
point. Não estava previsto, não era o plano A, talvez nem o B. Mas o destino,
como se sabe, adora baralhar as cartas quando o jogo já parece em andamento.
Chamaram-na à pressa, empurrada pela
lesão de Francisca Jorge, que viu a perna ceder antes da hora, pois fará exames de avaliação para perceber a extensão da lesão contraída na véspera.. E
ali foi Angelina, faz 18 anos no próximo dia 29, lançada no palco principal da
Billie Jean King Cup como quem é convidada para dançar, mas tropeça no primeiro
passo. No piso rápido da SEB Arena, onde cada deslize é amplificado, a jovem
não conseguiu confirmar o favoritismo sobre Ekaterina Perelygina, de 18 anos, mais modesta
no ‘ranking’, mas decidida como uma veterana: 6-4 e 6-3, sem tremores.
Acusou a pressão — e com razão. A
camisola de Portugal pesa mais quando nos cai repentinamente aos ombros. E
mesmo que já tivesse deixado boa conta de si nos pares, ao lado de Inês
Murta, o singular é outra dança: mais solitária, mais crua.
Portugal, que começara a semana com
um estrondoso 3-0 frente à Letónia, viu a maré virar com a Croácia, e agora
voltou a entrar com o pé esquerdo frente à Áustria. A esperança, porém, ainda
mora na raqueta de Matilde Jorge, agora a líder portuguesa que terá pela
frente Arabella Koller (611.ª). É preciso uma reviravolta — e talvez um pouco
de fé.
Angelina saiu da SEB Arena com um
sabor amargo, mas cada derrota também é semente. E se hoje não brilhou, amanhã
talvez regresse com outro fogo nos olhos. Porque a Billie Jean King Cup não é
só uma competição — é uma escola acelerada de coragem.
Comentários
Enviar um comentário
Críticas construtivas e envio de notícias.