Apolónia caí em Omã: ténis de mesa luso sem brilho no WTT Contender Muscat

 

Tiago Apolónia joga ténis de mesa no torneio WTT Contender Muscat em Omã.
Tiago Apolónia em ação no WTT Contender Muscat.

O palco internacional: Muscat abre portas ao mundo

O WTT Contender Muscat, disputado em Omã, é um dos torneios que compõem o circuito mundial de ténis de mesa. Não está no nível máximo da modalidade — reservado aos WTT Champions e Grand Smashs — mas assume uma importância decisiva para atletas que procuram pontos no ‘ranking’ e ritmo competitivo.

Para Portugal, a presença de Tiago Apolónia e João Geraldo representava mais do que uma participação: era a oportunidade de se medir com adversários do circuito asiático, que continuam a dominar a modalidade.

                                Tiago Apolónia: uma estreia amarga

Apolónia, número 93 do ‘ranking’ mundial, entrou diretamente no quadro principal, evitando a fase de qualificação. Porém, a sua passagem pelo torneio foi curta. Frente ao chinês Chen Yuanyu, de somente 22 anos, o português cedeu por 1-3 (7-11, 11–8, 5-11, 6-11).

O encontro foi um reflexo das dificuldades que Apolónia e tantos outros europeus enfrentam contra o rigor e a consistência dos jogadores chineses. Ainda assim, no segundo parcial, o português encontrou respostas, equilibrando a partida e mostrando ‘flashes’ da sua experiência acumulada ao longo de duas décadas de carreira.

A metáfora impõe-se: foi como um farol a iluminar a noite — breve, mas intenso. No entanto, a tempestade voltou no terceiro e quarto ‘sets’, levando consigo qualquer hipótese de vitória.
João Geraldo: resiliência sem passagem

Antes de Apolónia, coube ao transmontano representar as cores lusas na fase de grupos. O atleta de 29 anos não conseguiu garantir o apuramento para o quadro principal, ficando pelo caminho.

Apesar da eliminação, Geraldo reforça-se como um dos pilares da seleção nacional, habituado a enfrentar os melhores em palcos internacionais. A sua resiliência, mesmo sem grandes resultados neste torneio, é o que o mantém no núcleo duro da modalidade em Portugal.

A hegemonia asiática

O ténis de mesa mundial continua a ser uma fortaleza asiática. A China, sobretudo, domina a modalidade com uma profundidade de talentos impressionante, e Chen Yuanyu é somente mais um exemplo de como o sistema de formação do país continua a produzir jogadores de altíssimo nível.

Para atletas europeus como Apolónia e Geraldo, cada torneio é também um teste de resistência contra essa hegemonia. Jogar contra um chinês não é somente enfrentar um adversário, é tentar derrubar uma muralha construída com décadas de investimento, escolas de formação e tradição competitiva.

O ténis de mesa português em perspetiva

Portugal já provou, no passado, que consegue desafiar gigantes. A geração de Marcos Freitas, João Monteiro e Tiago Apolónia conseguiu títulos europeus e vitórias memoráveis. Mas os sinais atuais mostram uma modalidade que precisa de renovação, de novos talentos e de maior apoio estrutural.

Enquanto nações como Alemanha e França constroem ligas internas fortes, em Portugal o ténis de mesa ainda luta por visibilidade mediática e por mais infraestruturas. A ausência de jovens portugueses a conquistar espaço nos grandes torneios internacionais é um alerta para a necessidade de investir no futuro.

Mais do que derrotas: aprendizagens

Embora as derrotas em Omã possam parecer somente mais um contratempo, o valor está na aprendizagem. Cada torneio deixa marcas: ajusta a mentalidade, revela fragilidades e mostra o caminho a seguir.

Apolónia e Geraldo são hoje mais do que atletas: são referências, modelos de persistência. As suas quedas não são finais, mas capítulos de uma narrativa em que Portugal insiste em marcar presença.

O que Omã deixou ao ténis de mesa luso

Se a derrota de Apolónia e a eliminação de Geraldo não foram os desfechos desejados, também não significam ausência de futuro. Pelo contrário: revelam que o ténis de mesa português continua presente no mapa competitivo mundial, mesmo que em luta desigual.

É nessa luta que nasce a esperança. Como na metáfora da maré, que recua somente para ganhar força e voltar a subir, o ténis de mesa nacional pode usar estas experiências para se reinventar e preparar uma nova geração de talentos.

Nos próximos torneios melhores resultados chegarão.

A nova geração chinesa forte para os portugueses


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