Diogo Glória e Madalena Fortunato dominam o Nacional de Seniores de Badminton

🖋️Por: António Vieira Pacheco

📸 Créditos: Federação Portuguesa de Badminton

⏱️ Tempo de leitura: 2 minutos

Diogo Glória, o novo campeão nacional.
Diogo Glória é o novo campeão nacional.

A estreia de Glória como campeão

Diogo Glória inscreveu o seu nome pela primeira vez no quadro de honra do individual sénior masculino do Campeonato Nacional de Seniores, realizado este fim de semana, no CAR, nas Caldas da Rainha.

Com 23 anos, o atleta da CHE Lagoense — que concilia a carreira desportiva com os estudos de Medicina em Coimbra — sucede a Tiago Berenguer, o madeirense de 16 anos que para muitos é o melhor atleta português da atualidade.

Natural de Peniche, Glória apresentou a maturidade de quem já conta com experiência internacional em competições europeias e mundiais. Essa bagagem foi determinante para gerir a pressão nos momentos decisivos e confirmar a vitória num torneio que exigiu resistência, foco e inteligência competitiva.

Nas meias-finais, superou a grande promessa do badminton nacional em três parciais (19–21, 21–13 e 21–19), num encontro que evidenciou a sua capacidade de adaptação e controlo emocional. Já na final, frente a David Silva, perdeu o primeiro ‘set’ por 15–21, venceu o segundo por 21–19 e liderava o terceiro por 7–5 quando o adversário se viu forçado a abandonar devido a um rasgo muscular na perna.

Apesar do desfecho inesperado, Glória mostrou respeito pelo adversário e consciência do caminho percorrido até ao título.

Uma vitória com sabor agridoce

Após a conquista, o futuro médico reconheceu o carácter agridoce do triunfo, sublinhando o esforço que o levou ao topo:

“Foi uma conquista agridoce porque não queria ter sido campeão nacional desta maneira. Apesar disto, senti um alívio enorme por ser o culminar duma época de bastante esforço, duma constante procura por ser melhor e, principalmente, neste torneio, foi uma batalha emocional para conseguir fisicamente aguentar esta carga.”

O atleta destacou ainda a dureza das jornadas de competição, onde a recuperação física se tornou essencial:

“Os momentos mais decisivos deste campeonato foram fora do court porque, em mais ou menos 5 horas, tive mais de 3 horas no campo e, naqueles curtos intervalos, tinha que conseguir recuperar da melhor forma possível. No entanto, sempre senti que era minha obrigação ganhar e não fiz nada mais do que aquilo que tinha que fazer.”

Mesmo após o título, Glória manteve o foco no futuro e na ambição internacional:

“Os objetivos continuam os mesmos: não é por ser campeão nacional que mudaram. Quero continuar o meu percurso internacional para um apuramento para os Jogos Olímpicos e tentar ser o melhor que consigo ser, todos os dias.”

As palavras do novo campeão nacional revelam não somente a intensidade física do torneio, mas também a maturidade e o profissionalismo de um atleta que encara cada vitória como parte de um caminho maior.

Fortunato mantém hegemonia

Madalena Fortunato a tricampeã nacional.
O sorriso da tricampeã nacional de seniores.

No setor feminino, Madalena Fortunato voltou a confirmar o favoritismo e conquistou o título pelo terceiro ano consecutivo, consolidando o seu estatuto de número um nacional. Na final, superou a jovem Mafalda Avelino em dois ‘sets’ (21–12 e 21–17), numa exibição marcada por solidez técnica, consistência tática e controlo mental.

Fortunato continua a ser a principal referência do badminton feminino português, representando um exemplo de longevidade competitiva e excelência. A sua vitória simboliza não unicamente a manutenção da supremacia, mas também o elevado nível de exigência e profissionalismo que impõe a si própria e às suas adversárias.

Renovação e continuidade

O Campeonato Nacional de Seniores deste ano ficou marcado pela coexistência de duas realidades distintas, mas complementares: a renovação do quadro masculino e a continuidade no feminino.

A vitória de Glória, sucedendo ao jovem Berenguer, demonstra que o badminton português vive uma fase de transição natural, em que novas gerações começam a afirmar-se.

Já no feminino, o domínio de Fortunato mantém a estabilidade e o prestígio da competição, ao mesmo tempo que jovens como Mafalda Avelino evidenciam o futuro promissor da modalidade.

Ambos os campeões partilham, contudo, um traço em comum: a dedicação e a capacidade de superar adversidades num contexto de exigência crescente.

Impacto para o badminton português

Os triunfos dos novos campeões nacionais são mais do que resultados individuais — representam um sinal de vitalidade para o badminton nacional. A ascensão do atleta de Peniche comprova que é possível conjugar carreira académica e alto rendimento, enquanto a consistência da colega de equipa no CHE Lagoense reforça a credibilidade e o exemplo no setor feminino.

Estes feitos têm também valor simbólico. Mostram que Portugal possui talentos com ambição internacional, capazes de competir em palcos europeus e mundiais. O desafio que se segue é garantir que o reconhecimento público acompanha o esforço dos atletas, por meio de uma maior visibilidade mediática e de investimento sustentado nas estruturas de formação e apoio à alta competição.

O futuro da modalidade

Para Glória, o foco imediato passa por reforçar o calendário internacional, acumulando experiência e pontos no ‘ranking’ mundial. Já Madalena Fortunato mantém-se como referência nacional, mas com ambições renovadas em torneios internacionais e no ciclo olímpico.

Mais do que vitórias individuais, o Campeonato Nacional evidenciou o talento, a seriedade e o compromisso de uma geração de atletas que carrega o badminton português para novos patamares. A retirada de David Silva devido à lesão lembrou o quão exigente é a modalidade, mas não retirou brilho aos vencedores, que representam o melhor do espírito competitivo nacional.

O futuro do badminton português depende agora de transformar conquistas em visibilidade e de valorizar histórias como as de Glória e Fortunato. Eles são exemplos de superação, competência e paixão por um desporto que, passo a passo, conquista o seu merecido espaço no panorama nacional. 

A equipa de reportagem tentou contactar o presidente da Federação Portuguesa de Badminton, Duarte Nuno Anjo, para obter informações sobre a competição, mas este não atendeu as chamadas telefónicas.




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