Nuno Borges tomba em Lima, no Peru, e complica Taça Davis para Portugal

🖋️Por: António Vieira Pacheco

📸 Créditos: Federação Peruana de Ténis

⏱️ Tempo de leitura: 3 minutos

Nuno Borges devolve com potência durante o duelo frente a Gonzalo Bueno na Taça Davis, em Lima, num encontro intenso e cheio de emoção.
Lidador a bater na bola com a direita durante o jogo contra Gonzalo Bueno na Taça Davis, em Lima.

                           Um cenário de expectativa em Lima

As bancadas do Clube Lawn Tennis de la Exposición, em Lima, estavam repletas de bandeiras peruanas, mas também se viam alguns focos de verde e vermelho a incentivar Portugal. O duelo entre Nuno Borges e Gonzalo Bueno era aguardado com expectativa: de um lado, o número 52 do ‘ranking’ ATP e principal figura do ténis nacional; do outro, um jovem de 20 anos, atual 209.º mundial, embalado pelo apoio fervoroso do público.

Para Borges, a missão era clara — dar a Portugal a vantagem inicial na eliminatória do Grupo Mundial I da Taça Davis. Mas, no calor da capital peruana, o encontro acabou por se transformar num teste de resistência física, mental e emocional.

Um primeiro ‘set’ de recuperação e esperança

O início foi turbulento para o português, quebrado logo no jogo inaugural. Porém, a resposta foi rápida e eficaz.

O Lidador encontrou consistência no fundo do court, acelerou com a sua direita pesada e, com seis jogos ganhos em sete, fechou a primeira partida por 6-3.

Nesse momento, parecia que a lógica do ‘ranking’ se confirmava. O maiato dava sinais de maturidade, impondo o seu ténis variado e controlando as trocas de fundo, enquanto Bueno acusava alguma ansiedade. A vantagem era de Borges e a confiança crescia.

A reação inesperada do peruano

O segundo parcial trouxe uma mudança drástica. Bueno libertou-se, arriscou mais e começou a explorar com insistência o lado esquerdo do português. O público empurrou-o a cada ponto conquistado e a energia no estádio transformou-se em combustível.

Com 50% dos pontos ganhos na resposta, o peruano conseguiu quebrar várias vezes o serviço de Borges e fechou o ‘set’ por 6-2, equilibrando o marcador. O encontro entrava agora em território de incerteza, com a emoção a contagiar todos os presentes.

O terceiro ‘set’: drama até ao fim

O último parcial foi uma verdadeira montanha-russa. Borges criou oportunidades em quase todos os jogos de serviço de Bueno. Teve dois break points a 2-2, quatro a 3-3 e mais três a 5-5. Porém, em cada instante decisivo, o peruano respondeu com coragem.

Os pontos transformaram-se em batalhas longas, com trocas intensas do fundo do court. Bueno resistia, suava e rugia para a bancada. Borges mantinha a compostura, mas a frustração crescia. No momento chave, a servir para forçar o tiebreak, o português falhou a regularidade que o caracteriza.

Ainda salvou um match point, mas ao segundo o peruano fechou com 7-5, erguendo os braços para o público e deixando Borges cabisbaixo.

O peso da derrota e as lições

Para Portugal, esta derrota significou começar a eliminatória em desvantagem. Para o maiato, foi um golpe duro: era o favorito, tinha o ‘ranking’ do seu lado, mas não conseguiu concretizar nos momentos-chave.

Ainda assim, há que sublinhar a coragem do maiato. Procurou sempre soluções, esteve próximo da vitória e demonstrou a fibra competitiva que o caracteriza. No entanto, o ténis é feito de detalhes, e em Lima os detalhes sorriram a Gonzalo Bueno.

O fator casa na Taça Davis

A Taça Davis tem uma magia própria. Não é somente um torneio individual; é um palco em que os jogadores representam as suas nações e onde o ambiente pode transformar-se num adversário invisível. Em Lima, o “fator casa” foi determinante.

Os cânticos, os tambores, as energias constantes da multidão peruana criaram uma atmosfera hostil para qualquer visitante. Bueno, alimentado por essa força, conseguiu elevar o seu jogo e atingir um patamar que lhe permitiu derrubar um adversário mais experiente.

O futuro de Borges e da seleção nacional

Apesar do desaire, a história da eliminatória não terminou. Borges terá outras oportunidades, seja nos pares ou em novos encontros de singulares, para ajudar Portugal a recuperar. A experiência de Francisco Cabral, e o talento emergente de jovens como Jaime Faria são também peças importantes deste ‘puzzle’.

Para Borges, esta derrota pode ser um ponto de viragem. Os grandes campeões crescem nos tropeços, e Lima pode transformar-se numa recordação dura, mas necessária para reforçar o seu caminho rumo ao top 30 do ‘ranking’ mundial. 

A alma de uma equipa

que ainda acredita

Se o primeiro capítulo foi de dor, os próximos podem trazer redenção.

A Taça Davis é feita de reviravoltas memoráveis, e Portugal já demonstrou, no passado, capacidade para transformar desvantagens em vitórias.

No silêncio do balneário, entre raquetas guardadas e olhares firmes, a mensagem será clara: a luta contínua. E cada ponto jogado no pó de tijolo de Lima será mais do que uma batalha individual — será a representação da esperança de um país inteiro.

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